Com curadoria de Matthieu Orléan, da Cinemateca Francesa, a exposição “Scrapbooks – No Imaginário dos Cineastas” vai reunir “alguns dos melhores ‘scrapbooks’ por realizadores – que aqui são vistos como fotógrafos, poetas e ilustradores”, pode ler-se no ‘site’ de um dos maiores festivais de fotografia do mundo, que decorre até 24 de setembro.
Um ‘scrapbook’ (“álbum de recortes”, na tradução do inglês) é um caderno aberto às possibilidades da criatividade do autor, reunindo escrita e imagem.
“Pode incluir desenhos, selos, postais, recortes de jornal e convites para eventos. A multiplicidade das opções criativas para colagem explica o número de artistas que adotaram esta prática como um género de pleno direito, usando-a para compor novos mundos visuais. Foi o caso de cineastas ‘avant-garde’ do século XX como Derek Jarman, Agnès Varda, Chris Marker ou, mais recentemente, Pedro Costa e Bertrand Mandico”, acrescenta a organização.
Pedro Costa vai apresentar páginas originais de “Casa de Lava – Caderno”, editado em 2013 pelas edições Pierre von Kleist, que reproduz o caderno do realizador português durante a produção da sua segunda longa-metragem, “Casa de Lava”, de 1994.
“Pinturas, cartas, artigos de jornal, rabiscos, citações de romances, postais, linhas de diálogo, fotografias instantâneas que o guiaram ao longo das filmagens e que continuou – e terminou – depois de regressar a Lisboa”, pode ler-se na página da editora sobre “este caderno verde [que se tornou] num objeto autónomo, um registo visual da forma de pensar de Costa”.
A exposição em Arles vai focar-se “em artistas com estilos radicais, empurrando as fronteiras da autoficção ao máximo (ainda mais expandidas no Instagram, cujo pouco conhecido antecessor talvez seja o ‘scrapbook’)”.
Entre muitos outros, vão ser apresentados trabalhos de Stanley Kubrick, Jane Wodening, William S. Burroughs, Jim Jarmusch e Marie-Laure de Noailles.
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