A caminho dos
Óscares 2025

“Desde cedo, quando começámos a filmar, pensámos que uma equipa toda feminina seria mais sensível de uma forma subtil ao que estávamos a filmar e à jornada de Orin [O'Brien]”, disse a produtora Lisa Remington nos bastidores dos Óscares, com a estatueta na mão.
“The Only Girl in the Orchestra” conta a história de Orin O’Brien, contrabaixista que em 1966 foi a primeira mulher a fazer parte da Filarmónica de Nova Iorque, e a resistência que enfrentou.
“Aquelas de nós que lutámos muito para chegarmos onde estamos profissionalmente, ao ouvir as histórias de Orin de há várias décadas, pensámos que era preciso uma equipa totalmente feminina para ouvir isto de uma forma diferente da que seria ouvida por uma equipa mista”, afirmou Remington.
A realizadora Molly O’Brien, sobrinha da protagonista do documentário, aproveitou a passagem pelos bastidores para partilhar o que considerou ser uma das “pérolas de sabedoria” da sua tia, dirigindo a mensagem às mulheres que aspiram singrar no entretenimento.
“Quando a viagem é atribulada, continuem no comboio. Se permanecerem no comboio tempo suficiente, a paisagem vai mudar”, citou. “Eu posso confirmar isso pessoalmente, a paisagem muda. Então fiquem no comboio”.
A dupla de “The Only Girl in the Orchestra” não foi a única a mencionar a identidade feminina e o seu posicionamento no mundo nesta noite de Óscares.
Foi isso que inspirou a realizadora da Melhor Curta-Metragem “I’m Not a Robot”, Victoria Warmerdam, que passou pela sala de entrevistas depois de receber o Óscar da categoria no palco do Dolby Theatre.
“Quando comecei a fazer o filme não pensei que ia fazer um filme feminista”, afirmou. “Mas isso está em mim. Começou com uma piada, porque é sobre uma mulher que não consegue acertar nos CAPTCHA quando tem de provar que é humana e começa a pensar que se calhar é um robô”, descreveu.
“Então começou com uma piada, mas ao escrever comecei a pensar sobre livre arbítrio e sobre se não estaremos todos programados de certa maneira, sobre não ter autonomia e também sobre o patriarcado”.
A 97.ª edição dos Óscares da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos decorreu esta madrugada em Hollywood.
O filme "Anora", de Sean Baker, foi o vencedor desta edição, conquistando cinco das seis categorias para as quais estava nomeado, seguido de "O Brutalista", com três prémios.
Comentários