A HISTÓRIA: O amigo da vizinhança de Brooklyn, Miles Morales/Homem-Aranha, avança por uma aventura épica através do Multiverso para unir forças com Gwen Stacy e uma nova equipa de Pessoas-Aranha. Miles, Gwen e esta equipa irão enfrentar um vilão muito mais poderoso do que qualquer outro antes encontrado.

"Homem-Aranha: Através do Aranhaverso": nos cinemas a partir de 1 de junho nas versões original e dobrada.


Crítica: Francisco Quintas

Graças à esmagadora popularidade do Universo Cinematográfico da Marvel, algumas personagens de banda desenhada relegadas, por vezes, ao fundo da ação alcançaram um estatuto mais respeitável. A verdade é que ícones atuais como o Homem de Ferro ou o Capitão América nem sempre foram nomes possantes, nomeadamente no que dizia respeito a adaptações para cinema.

A principal exceção sempre foi Peter Parker, mais conhecido por Homem-Aranha, o divertido e genial órfão adolescente que, de um dia para o outro, é mordido por uma aranha radioativa e adquire habilidades extraordinárias. Toda a gente conhece a história.

Por outro lado, poucos poderiam prever que a personagem preservaria o carinho gigante de leitores e cinéfilos passados mais de vinte anos. Não obstante alguns títulos medianos ou medíocres que sucederam a “Homem-Aranha” (2002), de Sam Raimi, a renovação de guionistas e realizadores tem se revelado acertada para a renovação do universo. Ou dos universos.

Após “resets” da história com atores em imagem real (os ingleses Andrew Garfield e Tom Holland), a Sony Pictures propôs uma abordagem vigorosa com a animação “Homem-Aranha: No Universo Aranha” (2018), ao vestir com as cores clássicas do aranhiço, desta vez, o jovem Miles Morales. O filme reverteu numa conquista rara: não desfazendo o vibrante e louco trabalho de animação e o desempenho de voz excecional de Sameik Moore, o filme rejuvenesceu terrenos prévios, recordando os fãs, de diferentes gerações, do que os levou a se engajarem com a personagem em tenras idades.

Por essas e outras razões, suspeitava-se que a sequela obedeceria, na mesma moeda, a uma estrutura narrativa clássica, uma animação de um frescor lúdico e indomável e um apaixonante séquito de personagens: “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” é exatamente o que devia ser e mais além.

Realizado por Kemp Powers, Justin K. Thompson e pelo português Joaquim dos Santos, com longa experiência em adaptações televisivas de banda desenhada, "Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” sustenta o sentido de humor, a banda sonora eletrizante e o ritmo audiovisual já conhecido. Ademais, equilibra a importância de arcos de personagens do passado com o superior ênfase atribuído a outras caras.

Por exemplo, embora as figuras paternas do protagonista progridam, o maior holofote cai sobre as atrizes Hailee Steinfeld e Luna Lauren Velez, nas vestes de Gwen Stacy e Rio, a mãe de Miles Morales.
Além disso, adições ao elenco de voz como Daniel Kaluuya, Karan Soni e Oscar Isaac proporcionam momentos bem dosados de comédia e tensão, sendo notável o cuidado com que jamais se desfigura a essência comum de infinitas variantes do Homem-Aranha. O único ponto fraco desta encruzilhada de universos paralelos é a personagem de Jason Schwartzman, o inicial incitante antagónico até se tornar repetitivo e facilmente esquecível no desenrolar dos (espetaculares) acontecimentos.

Com um terceiro filme entregue ao mesmo trio de realizadores, previsto para Março de 2024, é seguro cultivar altíssimas expectativas. Se aos fãs for compensada a florescida espera por “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso”, poderemos estar perante uma das melhores trilogias do cinema do século XXI. Caso tal aconteça por se chamar ao barulho, mais uma vez, uma personagem tão especial numa série de histórias tão emotiva e inspiradora, será uma feliz coincidência.

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