Seduz-me se és Capaz
“Seduz-me Se és Capaz” tem de moderno e ácido como de antiquado e mesquinho. Elementos nada-solúveis que se deparam nesta comédia de evidentes limitações numa espécie de simbiose. Por palavras mais diretas e resumíveis, já vimos pior e mais desmiolado vindo do outro lado do oceano.
Vendido como um produto sob as algazarras de “Isto é o Fim” e “Má Vizinhança”, nem que seja pelo co-protagonismo de Seth Rogen (igual a si mesmo), o novo trabalho da anterior promessa que era Jonathan Levine (“Wackness: À Deriva”), segue as correntes de um politicamente incorreto para desaguar no território da comédia romântica.
As referências estão lá pontuadas, desde a diegética de “Um Sonho de Mulher” às desventuras cruciais de um “Notting Hill”, aliás, se não fosse a premissa mais imbricada nesse amor entre classes, neste caso sob os rodeios dos bastidores da política norte-americana.
Mas sejamos claros em certos sentidos: Seth Rogen controla-se ao máximo para conduzir o filme nos eixos da seriedade do seu material (não vamos encontrar aqui outra réplica de “Uma Entrevista de Loucos” … e nós agradecemos), e Charlize Theron mostra que é mulher para todos os géneros fílmicos, sem nunca descurar a sua sensualidade e o carisma que ofusca quem estiver envolto.
Com este par, o serão é mais que bem-vindo, por vezes compensatório quando as supostas críticas políticas não são as mais afiadas e o senso de paródia parece restringir a um forçado "à la Seth MacFarlane", ou seja, "sketches" de algum teor "non-sense".
O romance entre um jornalista encurralado pelo arquétipo de homem-criança (para Hollywood é necessário epifanias) e a Secretária de Estado, e quiçá futura Presidente(a) dos EUA, não é de todo o inverossímil aqui. Por entre gags e mais gags, torna-se mais ridículo a ingenuidade política pelo qual o filme tenta resolver. E em tempos de Trump e companhia, a inocência, essa, não é bem-vinda.
"Seduz-me Se és Capaz": nos cinemas a 1 de maio.
Crítica: Hugo Gomes
Trailer:
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