Palco Principal -O Andrew temsido uma presença assídua nos palcos portugueses, nos últimos anos. Gosta de Portugal?
Andrew Bird – Adoro Portugal. É dos países onde mais gosto de tocar!
PP - O queo atrai mais em Portugal?
AB –Portugal éum país muito bonito, com locais muito agradáveis. Mas atraem-me, principalmente, os seus habitantes: são genuínos, acolhedores, amigáveis. São, também, bastante curiosos, o que os torna muito interessantes.
PP - É verdade que Portugal inspirou uma das músicas do seu último álbum?
AB – Sim, o tema Tenuousness, do álbum “Noble Beast”, foi inspirado em Portugal. Reflecte as sensações que se apoderaram de mim enquanto passeava pelos recantos do país.
PP - Chegou a Portugal uma semana antes do concerto em Lisboa, previsto para o próximo dia 7 de Outubro. Além da conferência, onde irá explicar o processo das suas composições e o respectivo papel da criatividade, qual o propósito desta estadia prolongada?
AB – A estadia prolongada surgiu de um convite de um amigo meu, o Rui Tavares, em passar cá uma temporada, de forma a conhecer melhor o país. E é precisamente isso que pretendo fazer: passear bastante, conhecer novos locais, novas pessoas, descobrir Portugal.
PP - Normalmente, compõe em viagem. Tenciona preparar o seu próximo álbum por cá?
AB – Não diria preparar o meu próximo álbum. Mas, sim, tenciono compor em Portugal. Não tenho um local específico de composição: tanto o faço na minha quinta, em Illinois, como em Nova Iorque, por exemplo. Então, por que não compor em Portugal? Pode revelar-se, novamente, uma bela inspiração.
PP - Que ensinamentos pretende transmitir aos portugueses, durante a palestra?
AB – Não pretendo, com a palestra, ensinar os portugueses. Não é esse o meu propósito. A palestra será aproveitada para falar sobre as minhas composições, sobre as letras dos meus temas, a sua construção, a sua complexidade. Não tenho conselhos para dar, apenas experiência para partilhar. A palestra servirá, igualmente, para mostrar algumas músicas novas nas quais tenho vindo a trabalhar.
PP - Conhece algum músico ou projecto musical português?
AB – Não pessoalmente. Na minha última passagem por Portugal, tive oportunidade de visitar algumas casas de Fado, onde pude contactar com esse género musical tão português. Ofereceram-me também, na altura, um álbum de Fado, onde estavam compilados alguns dos mais marcantes temas do género, todos bastante antigos, pelo que sei. Gostei muito. Mas ficou por aí o meu contacto com a música portuguesa.
PP - O intervalo de tempo entre a edição dos seus álbuns de estúdio é, por norma, muito curto. Para quando o sucessor de “Nobel Beast”?
AB – O sucessor de “Nobel Beast” só deverá chegar em 2012. Desta vez, vou demorar mais tempo a aventurar-me numa nova edição, preciso de descansar. As digressões estão a fragilizar a minha saúde. Vou preparar o próximo álbumcom mais calma.
PP - Gosta de desafiar os limites da música. Tem algum desafio em mente, actualmente?
AB – Acima de tudo, ultrapassar clichés. E talvez tornar as minhas músicas mais pessoais, mais íntimas.
PP - Tem uma sonoridade que foge às categorizações mais comuns. Como é a sua relação com as editoras?
AB – Nos últimos anos, tem sido óptima. Por vezes, questionam-me: “O que vamos fazer contigo? O que vamos fazer com estas músicas?”. Mas não me impõem qualquer tipo de pressão. Como poderiam? Como poderiam tentar mudar algo que criei, algo que me distingue?
PP – Que podem os portugueses esperar do concerto em Lisboa no próximo dia 7 de Outubro? Uma viagem pela carreira ou um espectáculo centrado no último álbum?
AB – Desta vez, não venho a Portugal em promoção de um álbum específico. O concerto em Lisboa será aproveitado para apresentar músicas novas e relembrar temas antigos – temas tão antigos que parecerão novos, aos ouvidos do público. Mas ainda não tenho um alinhamento pensado. Nem terei, provavelmente. Não gosto de subir ao palco e sentir-me obrigado a seguir um plano previamente estipulado. Sou apologista de tocar o que me apetecer naquele momento, sentir o momento.
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