"É um desafio, é um risco, mas se não corremos riscos na vida andamos sempre a moer territórios demasiado conhecidos, naquilo que já está seguro e sabemos que as pessoas vão gostar", começa por dizer Sérgio Godinho, anunciando-nos que nesta Carta Branca dará voz não só às suas canções como às de alguns dos interpretes que o acompanharam toda a vida.

No palco do CCB canções de "universos diferentes" unem-se para dar corpo a um espetáculo que nasceu de um conjunto de crónicas escritas no Expresso e mais tarde publicadas em livro. "São memórias cruzadas que fazem o meu estímulo para criar as minhas próprias canções e saber melhor como fazer canções", explica o músico.

O convite para este concerto, chamado Carta Branca a Sérgio Godinho, surgiu exatamente da vontade de "corporizar em palco" aquilo que já vivia no papel.
"Eu achei que o convite veio mesmo a calhar porque estas canções têm como vocação primeira serem habitadas por outros intérpretes, serem ouvidas pelos intérpretes originais, agitarem a memória dos outros", diz Sérgio Godinho, que vai ter ao seu lado Hélder Gonçalves, Nuno Rafael e Manuela Azevedo, que assume aqui o papel de instrumentista.

A vocalista dos Clã quer "experimentar coisas novas", conta Sérgio Godinho, crente de que "as pessoas também se vão surpreender com o explorar de muitas facetas musicais que não estão à espera".

O músico assume que vai correr riscos e aventurar-se por "universos diferentes" do seu, salvaguardando porém que "há certas coisas que não ousaria cantar. Há canções como o 'Fever', da Peggy Lee, cuja versão é absolutamente final".

Sérgio Godinho procura neste espetáculo reservar "uma memória da canção original, mas adotar uma outra atitude", como se estivesse a olhar para "uma outra face" do mesmo tema.

A expectativa do músico é que este concerto, cujo preço varia entre os 5€ e os 18€, seja, acima de tudo, um "prazer partilhado".

@Inês Alves