Já tinha visto um concerto de David antese,apesar de não ser um fanático hardcore dos álbuns, tenho poucas reservas em considerá-lo um dos melhores exemplos de como ser e estar em palco em Portugal. Ao vivo, é um facto: o David é bom. E nesta noite, num dos melhores palcos nacionais, as expectativas eram altas.

Não é fácil descrever como ele opera em palco. Antes de mais, se conhecem os álbuns, imaginem-nos irrigados com uma opulenta garrafa de Red Bull. Depois acrescentem luzes, muitas luzes; acrescentem os anos oitenta em peso, misturem bem, e podem ter uma ideia. Ou quase.

Para além da imaculada banda - um grupo divertido (zero notas ao lado), que consegue equilibrar o profissionalismo com o entertenimento - nunca se soube o que esperar. Durante o espectáculo, tornava-se complicado discernir entre as covers e as canções originais de David Fonseca, de tal forma que até os menos interessados (leia-se, os namorados das fãs)entraram no espírito. The Roof Is On Fire, Girls Just Want To Have Fun, uma cover da galardoada ex-banda Silence 4, Angel Song, e, pura e simplesmente, tornava-se deliciosamente impossível antecipar o que viria a seguir. Olhar à volta e observar o público a tentar fazê-lo foi bastante interessante.

O ambiente visual, constituído por enormes painéis de de LEDs, fez todo o sentido dentro do contexto retro,sendo quemuitos dos momentos altos foram despoletados através de coloridas explosões de luz, faíscas e outros elementos de festa.

E, claro, houve o David a ser o David - ora saíndo do palco para aparecer no meio dos espectadores a tocar,ora voltandoao bom e velho estilo de crowdsurfing. Quando, naquele que foi o momento da noite, a banda apareceu de vestes negras, após o primeiro encore, a tocar uma espécie de Doom Metal ao som de uma sirene, toda a genteficouestupefacta a tentar perceber se se trataria de alguma banda convidada.A cena culminou com David Fonseca a aparecer numa plataforma no meio do Coliseu, com dois discos na mão. A música parou, e as palavras "Tonight... I am your DJ" transformaram a música numa espécie de house comercial, encaixando em mais uma das canções do último álbum. Obviamente, foi a loucura total.

Sean Riley, o líder de Sean Riley and The Slowriders, também se juntou à festa a dada altura, interpretando dois dos seus temas com David. E já falei dos três músicos vestidos de Mariachi que apareceram na tribuna?

Em suma, o pódio mantêm-se: David Fonseca é, sem dúvida, o maior mágico de palco por terras lusas. E iria mais longe, afirmando-o como um dos melhores do género a nível internacional. E para os que discordam, há bastante probabilidade de nunca o terem visto ao vivo, o que deviam fazer - gostando dos álbuns de estúdio ou não.

Texto e fotografia: Sérgio Castro (thatsound.org)