A DJ Barbara Butch, protagonista de uma atuação com drag queens na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, apresentou queixa por cyberbullying, ameaças de morte e insultos públicos, disse, esta terça-feira, dia 30 de julho, uma fonte próxima do caso.

A artista, uma ativista feminista e lésbica, contou na sua conta de Instagram que foi vítima de "cyberbullying, particularmente violento" após a sua atuação.

A artista decidiu apresentar queixa depois de ter sido “ameaçada de morte, tortura e violação”, alvo de “numerosos insultos de caráter antissemita, homofóbico, sexista e gordofóbico”, afirmou a sua advogada Audrey Msellati num comunicado partilhado na rede social pela DJ.

Butch atuou na cena intitulada "Festa" que começou com a imagem de um grupo ao redor de uma mesa, incluindo inúmeras drag queens, e que alguns sectores entenderam como uma recriação da Última Ceia. A sequência foi criticada por líderes políticos de extrema-direita, por Donald Trump e pelo bispado francês, que lamentou a "ridicularização do cristianismo”.

O diretor da cerimónia de abertura, Thomas Jolly, negou ter-se inspirado na Última e garantiu que se tratava mais de “realizar uma grande festa pagã ligada aos deuses do Olimpo”.

A comissão organizadora dos Jogos Olímpicos “condenou firmemente” o cyberbullying que “a equipa artística” da cerimónia foi vítima. “Estamos ao lado deles”, disse a diretora de comunicações, Anne Descamps.

A artista francesa disse na sua conta no Instagram que a princípio decidiu “não falar abertamente para deixar os 'haters' se acalmarem”. Mas “as mensagens que recebi foram cada vez mais extremas”, acrescentou.

Segundo a sua advogada, “aqueles que atacam Barbara Butch fazem-no porque não suportam que ela possa representar a França, porque é mulher, lésbica, gorda, judia...”.

“Ao atacá-la, eles atacam os valores, direitos e liberdades da França, que ela representa pela sua existência no espaço público e principalmente pelo fato de agir pelo seu país a nível internacional”, disse Msellati.