Juan Ángel Vela del Campo falava aos jornalistas, em Lisboa, na apresentação da programação da 11.ª edição do festival, e afirmou que esta reflete a importância da “convivência das tradições musicais hispano-lusas, e a convivência da música culta com a popular”.
Entre os nomes que fazem parte do cartaz deste ano, Ángel Vela destacou o concerto dos músicos Jurgen Ruck e António Chainho, com a interpretação de oito peças para guitarra, baseadas nos Caprichos de Goya, “duas delas, estreias mundiais: uma do uruguaio Eduardo Fernández e outra da portuguesa Rita Torres".
"São peças curtas de cerca de cinco minutos, em que, além destas composições, serão interptetadas peças dos espanhóis Elena Mendoza e José María Sánchez Verdú, da australiana Cathy Milliken, dos italianos Bruno Dozza e Murizio Pisati e ainda uma do alemão Bernd Franke. À novidade das novas criações contrapõe-se a eternidade das de sempre", acrescentou.
O concerto de Chainho e Ruck, em que participa o viola Carlos Silva, intitula-se “O tempo e o modo: Diálogos entre guitarras”, e reliza-se no dia 9 de maio, na igreja matriz de Santiago do Cacém.
O responsável salientou também a participação de Ivan Martín que, em declarações à Lusa, disse tratar-se de “um dos mais conceituados pianistas espanhóis, da atualidade”. “Deu-se a felicidade de Ivan Martín ser um apaixonado por Carlos Seixas [compositor português que viveu entre 1704 e 1742], o que nem eu sabia, e vai interpretar um programa que faz essa ligação entre Espanha e Portugal, em que, além de peças de Seixas, irá tocar Antonio Soler [compositor espanhol que viveu entre 1729 e 1783]”, afirmou.
O recital do pianista Ivan Martín, de 36 anos, realiza-se no dia 11 de abril, em Sines, na igreja matriz do Santíssimo Salvador.
Neste “ciclo ibérico”, Ángel Vela destacou também o reflexo na programação da “procedência interpretativa italiana”, nomeadamente no concerto em Odemira, e nos que se realizam em Castro Verde e Moura.
Em Odemira, no dia 28 de março, na igreja de São Salvador, são apresentadas três obras sacras do compositor napolitano David Perez, falecido em Lisboa, em 1778, pelo agrupamento I Turchini, do regente e musicólogo Antonio Florio, especialista na tradição napolitana, com Patrizia Varoni, no órgão.
O concerto inclui a “Missa brevis”, do compositor maltês Girolamo Abos, “vinculado à escola napolitana, que nasceu há 300 anos”. “São complementares os concertos em Castro Verde e em Moura, ambos contemplam os séculos XVI e XVII, embora em perspetivas diferentes”, disse à Lusa.
Na basílica real de N.S. da Conceição, em Castro Verde, no dia 23 de maio, é apresentado “Íntimo misticismo: Música espiritual hispano-portuguesa do Renascimento central e tardio”, pela Capilla Santa María, sob a direção do contratenor Carlos Mena, com o organista Carlos García-Bernalt.
Em Moura, no dia 6 de junho, na igreja de S. João Batista, o programa do concerto aborda “o canto do sul da Itália com fortes ligações ao Alentejo”. Atua o tenor Pino de Vittorio, acompanhado pelos músicos Ilaria Fantin (arquialaúde), Katerina Ghannudi (harpa barroca) e Franco Pavan, que dirige e toca tiorba e “chitarra batente”.
Outro destaque foi a participação da Orquestra do Norte, sob a direção de José Ferreira Lobo, no último concerto do “Terras sem Sombra”, no dia 20 de junho, na igreja de S. Salvador, em Beja, em que, entre outras, serão interpretadas peças de António Fragoso e Giuseppe Verdi.
Neste concerto participam também o Coro do Teatro Nacional de S. Carlos, sendo solistas a soprano Cristiana Oliveira, a meio-soprano Ana Ferro, o tenor Vicente Valls e o baixo Rui Silva.
A par da programação artística, o festival tem agendadas várias atividades relacionadas com a biodiversidade, nomeadamente no rio Vascão, na fronteira entre o Alentejo e o Algarve, nos charcos mediterrânicos do sudoeste alentejano, no litoral alentejano, sobre as espécies exóticas (que são importadas e não são originárias desta região), e em Grândola sobre a faixa piritosa, entre outras.
@Lusa
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