"Estamos a atravessar o inferno. Frequentemente fazemos isso. É sempre uma quando produzimos algo", revelou Lennon.
"Os Beatles não têm nenhuma magia que você não tenha. Sofremos um inferno sempre que fazemos algo e temos de lutar com cada um de nós. Imagine trabalhar com os Beatles, é duro", desabafou. "Há apenas tensão. É tenso de cada vez que a luz vermelha (no estúdio de gravação) se acende", completou.

Publicado em maio de 1970 e classificado pela revista "Rolling Stone" como um dos 500 melhores álbuns de todos os tempos, "Let it Be" foi gravado em Londres, em 1969, para complementar o filme com o mesmo nome. O tema que lhe dá título e "The Long and Winding Road" entraram para a história como duas das mais memoráveis canções da banda britânica.

Para Lennon, porém, "Let it Be" foi um "álbum estranho" que refletiu como os atritos haviam crescido entre ele e os seus companheiros de grupo - Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. "Nunca terminámos o álbum, realmente. Não queríamos fazê-lo. Era Paul que nos empurrava para fazê-lo", afirmou.

A casa de leilões RR Auction anunciou que a entrevista de uma hora de duração, gravada em duas fitas, permaneceu esquecida durante quase quatro décadas numa caixa guardada nos fundos do apartamento de Smith, em Nova Iorque. "É uma entrevista sincera e honesta de um dos músicos e ativistas mais aclamados de todos os tempos", disse o vice-presidente de RR Auction, Bobby Livingston, nesta quinta-feira.

A gravação está incluída numa lista de mais de 100 objetos relacionados com os Beatles, que faz parte de um leilão de "Maravilhas da Música Moderna". A lista estará disponível online entre 19 e 26 de setembro no website www.rrauction.com.

@AFP