Miguel Rebelo tem um percurso musical que tem passado por várias áreas musicais. O músico integrou o grupo Canto do Vigário, com a qual editou dois álbuns, compôs para a banda Donna Maria, tocou em bares e, há dois anos, editou o primeiro álbum de fado, “Quem foi que te fez fado”, no âmbito de um concurso lançado pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).
Dos 15 temas que integram o álbum, sete são novas melodias fadistas - como uma balada composta em conjunto com Marco Rodrigues, cujo poema de Rui Rocha é interpretado em duo com Ana Laíns - e oito fados de outros repertórios, nomeadamente de Carlos do Carmo (“Abecedário fadista”), Jorge Fernando (“Chegou a hora”) e Amália Rodrigues (“Oiça lá, ó Senhor Vinho”).
TóZé Brito é outro dos autores escolhidos, assinando a letra e música de "Até ao fim do fim", e o tema que dá título ao álbum, "O nosso Fado hoje é do Mundo" - que sai quinta-feira com o selo da discográfica Ponto Zurca -, é uma música de Miguel Rebelo com letra de Rogério Oliveira e Mário Fernandes.
Dezoito anos depois de ter sido finalista do Grande Prémio do Fado RTP, em 1994, Miguel Rebelo volta a interpretar “A fragata e o arrais”, um poema de João Dias, com música de sua autoria.
O fadista é acompanhado por vários músicos, entre os quais Custódio Castelo, Ângelo Freire, Luís Guerreiro, na guitarra portuguesa, Marco Rodrigues Jorge Fernando, André Ramos, que se juntam ao próprio Miguel Rebelo, na viola, e ainda Filipe Larsen, distinguido este ano com um Prémio Amália Rodrigues, no baixo acústico, e Manuel Alves Jorge, no acordeão.
Além de Ana Laíns, com quem partilha a interpretação de “O que nos falta sentir”, Miguel Rebelo conta com as vozes de Jorge Fernandes, Ângelo Freire, Marco Rodrigues e Pedro Moutinho, numa recriação de “Alfabeto Fadista”. O tema, afirmou Miguel Rebelo à Lusa, é uma homenagem a Carlos do Carmo, de quem reconhece “as influências implícitas e explícitas”.
Um tema de António Torre da Guia e de Paulo de Carvalho foi gravado por Carlos do Carmo há 20 anos e “tem agora uma nova vida, pois um dos grandes interesses do fado é essa capacidade de se renovar, ser diferente, sem se descaracterizar e parecer sempre novo”, disse o fadista.
Outra referência que tem para si é Carlos Paredes, cujo legado “tem estado sempre presente de uma forma ou de outra em todos os discos” que publicou, como sustentou.
Além dos fados tradicionais Alberto e Esmeraldinha, respetivamente nos temas “Dar de mão” e “Com alma e esperança”, Miguel Rebelo canta ainda, no Pedro Rodrigues, “Nem irei chorar por ela”, e o Azenha, no tema “Nunca é cedo demais”.
“O nosso Fado hoje é do mundo”, sublinhou Rebelo, é um trabalho com o qual pretende assinalar o primeiro aniversário da declaração, pela UNESCO, do Fado como Património Cultural Imaterial da Humanidade.
@Lusa
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