"Já fui a mais funerais do que gostaria de partilhar com todos vocês", disse aos congressistas durante uma sessão do Comité de Assuntos Bancários, Habitacionais e Urbanos do Senado sobre o fentanil, que causa dezenas de milhares de mortes por overdose nos Estados Unidos.

"Poderia sentar-me aqui e chorar durante dias pelos caixões que carreguei de pessoas que amo profundamente, no mais fundo da minha alma", acrescentou o rapper que se tornou cantor de country, durante a sua emotiva intervenção.

O artista disse aos congressistas que não era republicano nem democrata, na verdade, tem o direito ao voto restringido devido aos seus antecedentes criminais, mas "o fentanil ultrapassa os partidos e a ideologia".

"É o momento de que sejamos pró-ativos e não reativos. Fomos reativos com o crack, fomos reativos com os opioides", afirmou Jason DeFord, mais conhecido como Jelly Roll.

O duas vezes nomeado aos Grammys instou a aprovar o projeto de lei FEND Off Fentanyl Act, adotado em julho pelo Senado, mas pendente de aprovação na Câmara de Representantes, que permitirá o governo expropriar bens das organizações criminosas que traficam o fentanil.

Os Estados Unidos asseguram que o fentanil é fabricado pelos cartéis mexicanos com substâncias químicas procedentes da China.

"Quando vendia drogas, acreditava sinceramente que vender drogas era um crime sem vítimas" e agora "tenho uma filha de 15 anos cuja mãe é consumidora de drogas", contou o cantor.

"Todos os dias tenho de perguntar (...) se hoje será o dia em que terei que dizer à minha filha que a sua mãe passou a fazer parte da estatística nacional", lamentou.

Jelly Roll assegura que em cada concerto é testemunha do impacto desolador do fentanil, porque seus fãs "procuram consolo" na música.

"Essas pessoas anseiam por ter a segurança de que  os seus congressistas, na verdade, se preocupem mais com a vida das pessoas do que com a ideologia e o partidarismo", considerou.