Palco Principal - Chegou este verão ao mercado discográfico, apresentado pelo single O amor não me quer encontrar, o teu terceiro disco de originais a solo, “Frente e Verso” – um álbum que dá clara continuidade ao trabalho desenvolvido em “Prefácio” e “Manual do Amor”. Pode dizer-se que encontraste, neste registo paralelo aos três discos, a tua praia, e que não é tua intenção trocá-la por novas paisagens?

Ricardo Azevedo – Vou continuar com as músicas simples e melodiosas, mas agrada-me a ideia de pisar terrenos diferentes no que toca aos arranjos das canções. O amor não me quer encontrar, por exemplo, tem cheirinhos a Gospel, Blues e Soul Music. Não gosto de ficar refém criativamente.

PP - Há alguma mensagem específica que queiras passar com este novo disco? É este, de alguma forma, um trabalho conceptual – ou apenas uma feliz reunião de canções díspares, compostas aqui e ali, fruto de inspirações momentâneas, sem qualquer relação entre elas?

RA – Tentei fazer um disco equilibrado, como a vida. De frente e verso. Gosto de alternar os ambientes nas canções. Detestaria ser um artista só de baladas ou só de músicas ritmadas.

PP - Como tem sido a reação dos teus fãs a “Frente e Verso”? Sentes que é um disco querido entre as pessoas que te têm vindo a acompanhar desde os primórdios da tua carreira?

RA – É um disco que tem agradado aos fãs e a mim também! Estou muito feliz pelas canções que consegui reunir neste álbum. Sinto que estou a evoluir em todos os sentidos. Dá-me vontade de ouvir o disco frequentemente.

PP - O inglês assentava-te bem e que o prove o sucesso inquestionável de temas por ti criados para os EZ Special, como My Explanation ou Daisy. Porquê a mudança drástica e total para o português? Foi uma tentativa de te distanciares por completo da banda, na tua caminhada a solo?

RA – Foi o meu instinto criativo. Apeteceu-me compor na nossa língua! Na altura foi muito arriscado, mas felizmente correu bem.

PP - As saudades de cantar em inglês não te atacam, ainda que de longe a longe?

RA – Sim, de vez em quando tenho saudades de cantar e compor em inglês. Gostava, um dia, de voltar a esse registo. No entanto, também sei que nunca me afastarei do português.

PP - E o sentimento de pertença a uma banda - não sentes falta disso? Ou é o trabalho a solo uma difícil conquista da qual não pretendes voltar a abrir mão?

RA - Gosto da minha liberdade enquanto artista a solo. Mas nunca se sabe...

PP - Numa altura em que a reunião de projetos musicais outrora descontinuados não poderia estar mais em voga, nunca ponderaste voltar ao grupo que te deu a conhecer (para um único concerto, talvez)?

RA - Se a banda tivesse parado em 2006, talvez. Mas não parou...

PP - Continuas, nas tuas atuações ao vivo, a recuperar temas dos EZ Special. Por que motivo o fazes: pelos teus fãs, por ti, ou por ambos?

RA - Por ambos. Tenho todo o orgulho nas canções e os fãs continuam a gostar de as ouvir.

PP - Tens, hoje em dia, o privilégio de conseguir fazer, única e exclusivamente, da música o teu ganha pão, vivendo tu em Santa Maria da Feira, longe do núcleo onde a grande parte dos músicos portugueses com carreira firmada se move?

RA - Sim, sou um felizardo por fazer aquilo que gosto. Prefiro deslocar-me a Lisboa quando é preciso e viver pacatamente ao lado dos meus familiares e amigos.

Sara Novais