A festa teve início no momento em que a banda de António Manuel Ribeiro subiu ao palco, de trejeitos largos, entusiastas e animadores, como de quem já estava em casa. O líder da banda relembrou, inclusive, a primeira vez que subira àquele palco, ao piano.

O concerto começou com os temas do álbum editado ainda este ano e que deu o nome ao próprio espetáculo, como “Sinais (Presentes do Tempo)”. “Vernáculo”, o ‘manifesto’ de dez minutos de cariz político e social arrancou os aplausos da plateia, com palavras que a todos tocam, e mereceu a primeira ovação em pé da noite. E a ‘intervenção’ não poderia continuar sem os incontornáveis temas “A morte saiu à rua” e “Vejam bem”, de Zeca Afonso, adotados mais recentemente pela banda de Almada, numa altura em que se aproximam os 40 anos do 25 de Abril e a ‘geração dos UHF’ continua a acreditar em promessas, como disse António Manuel Ribeiro, que, apesar de tudo, confessou manter-se optimista.

“Jorge Morreu”, o primeiro tema que os UHF editaram, em 1979, marcou uma viagem ao passado, entre histórias de aventuras dos ‘filhos do rock’ - algumas já até contadas por António na Antena 1 -, onde também constaram “Persona non grata” e “Geraldine”. “Podia ser Natal”, canção do EP lançado no âmbito de uma ação de solidariedade da AMI, dedicada ao amigo Fernando Nobre e às nobres causas apoiadas por esta instituição defendidas, situou-nos no tempo, numa viagem pelos êxitos que já ia longa.

No entanto, foram os êxitos do encore que levantaram o público do CCB das cadeiras. “Os putos vieram divertir-se” e “Matas-me com o teu olhar” foram recebidas de braços no ar e com um coro de vozes com as letras na ponta da língua. Já “Cavalos de Corrida”, o tema mais pedido durante o espetáculo, levou o CCB ao rubro. Numa altura de despedida, em que o vocalista e guitarrista agradeceu “por estarem connosco há tanto tempo”, foi “Menina estás à janela” que caiu no topo de um bolo, de uma noite de velhas glórias do rock cantado em português e de partilha de memórias, que não se contam em duas horas, mas que brevemente serão contadas em livro.

Rita Bernardo