A nova programação, que prevê 13 exposições - e começa já em janeiro com individuais dos artistas Jonathas de Andrade, Pollyanna Freire e Maria Capelo - foi hoje apresentada aos jornalistas, no museu, pelo diretor do MAAT, João Pinharanda.
Depois de ter retomado, este ano, a afluência normal de visitantes de antes da pandemia, o museu deverá também receber uma exposição inédita de Coleção da Fundação Carmona e Costa, que reúne parte significativa da história da arte portuguesa das últimas décadas, novas criações de Joana Vasconcelos e de Ernesto Neto, segundo a direção.
“A programação tem algumas linhas fortes: uma é trabalhar com artistas brasileiros ou que têm uma relação cultural com o Brasil, como Jonathas de Andrade, Pollyana Freire e Ernesto Neto”, disse João Pinharanda aos jornalistas.
As escolhas do historiador de arte e curador prendem-se com a vontade de dar continuidade de trabalho com “artistas que já tiveram uma relação com a Coleção da EDP, com a programação do MAAT e, antes, da Central Tejo, porque a maior parte foram premiados ou finalistas ou integrados nos projetos” expositivos do museu, que recebeu, este ano, 290 mil visitantes.
O diretor realçou a presença da artista Joana Vasconcelos, primeira vencedora do Prémio EDP Novos Artistas, em 2000, que irá trazer ao museu uma série de peças nunca antes apresentadas em Portugal, entre elas “A Árvore da Vida”, a partir de setembro, peça que terá, antes, exibição em Paris, na primavera do próximo ano.
Por seu turno, o artista brasileiro Ernesto Neto irá apresentar uma peça única, uma instalação criada “em função de uma herança crítica do colonialismo português, nomeadamente os sons musicais da Lusofonia”.
À artista Luísa Cunha – vencedora do Grande Prémio Fundação EDP Arte 2020 - será dedicada “a mais ampla mostra da sua produção artística, com obras inéditas”, que ocupará todo o piso 1 do edifício da Central Tejo, intitulada “Hello, are you there?”, com curadoria de Isabel Carlos.
“Esta exposição é um exemplo da relação que queremos ter com os artistas que premiamos e com os quais fazemos exposições. Será uma grande exposição retrospetiva com um catálogo ‘raisonée’”, da obra da artista de 73 anos, cobrindo todos os meios que já trabalhou, desde a fotografia, vídeo, desenho e escultura.
“O Castelo Surrealista de Mário Cesariny” é o título de outra grande exposição prevista na nova temporada, a partir de setembro, e que se irá prolongar até fevereiro de 2024, para assinalar o centenário do nascimento do artista e, no ano seguinte, o centenário do primeiro manifesto que lançou este movimento artístico, criado pelo artista francês André Breton, em 1924.
“Mário Cesariny [1923-2006] será objeto, nesta exposição, de uma grande homenagem, que extravasa a sua personalidade, ela própria muito extraordinária”, no conjunto da sua obra literária e plástica, recorrendo a outros percursos nacionais e internacionais que influenciaram o surrealismo.
Outra linha a que o MAAT pretende dar continuidade, um projeto iniciado este ano, “é a apresentação de grandes coleções”, além da coleção da Fundação EDP, que possui mais de 2.000 obras, atualmente.
Na coleção de arte da Fundação Carmona e Costa, “que tem 40 anos de acumulação e que nunca foi apresentada publicamente como tal”, recaiu a escolha para o próximo ano, ficando patente a partir de outubro. Este ano, o MAAT exibiu obras da Coleção Antoine de Galbert.
Ernesto Neto deverá revelar uma instalação “pensada em função de uma herança crítica do colonialismo português, nomeadamente os sons musicais da Lusofonia”.
Também será renovada a parceria com o Vitra Design Museum, com a exposição “Plástico: Reconstruir o Nosso Mundo”, a inaugurar em março, para permanecer até agosto, num trabalho desenvolvido ainda pela anterior diretora, Beatrice Leanza.
“Há uma continuidade em relação aos temas que tratamos e que fazem parte da matriz do MAAT e das preocupações atuais, das quais estamos muito mais conscientes do que estávamos, e que têm a ver com a questão de género e a climática. Todas estas emergências, quero que sejam tratadas, não de uma forma ilustrativa, mas através das próprias exposições”, sublinhou João Pinharanda.
Sobre a exposição dedicada aos plásticos – um material revolucionário que se tornou controverso – tem como objetivo “não demonizar, mas sensibilizar para o controlo do seu uso e abuso”, dentro de uma leitura crítica, baseada na investigação das mais recentes soluções sustentáveis.
Exposições de Sandra Rocha, Ana Cardoso, Paulo Lisboa, uma dedicada à coleção de Hervé di Rosa, e uma coletiva intitulada “Procissão – Louvar e santificar”, com obras de artistas que sofrem de doença mental, no âmbito de uma parceria com o projeto Manicómio, fazem também parte da seleção da direção para 2023.
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