O diretor artístico do Teatro Experimental de Cascais (TEC), Carlos Avilez, lamentou hoje a morte de Rogério Samora, considerando que a morte deste ator “extraordinário deixa o teatro mais pobre”.
“Lamento profundamente a morte de Rogério Samora embora soubéssemos que estava gravemente doente”, disse Carlos Avilez que sublinhou ter tido com ele uma grande amizade, já que o conheceu ainda antes de ser ator.
“Era uma amizade de muitos anos, que fez comigo, entre outros trabalhos, um protagonista absoluto numa peça na Gulbenkian e o 'Erros meus, má fortuna, amor ardente', de Natália Correia, por indicação da própria”, disse.
Nessa peça de Natália Correio, “Rogério Samora era extraordinário, era brilhante como sempre o era em tudo que fazia”, sublinhou Carlos Avilez à agência Lusa.
Rogério Samora, que morreu hoje aos 63 anos, contava mais de 40 anos de carreira, tendo como mais recente projeto a telenovela “Amor, Amor”, na qual contracenava com Rita Blanco e Ricardo Pereira, entre outros pares.
Nos últimos anos, participou em várias telenovelas do canal televisivo SIC, como "Nazaré", "Golpe de Sorte", "Amor Maior", "Poderosas", "Mar Salgado" e "Sol de Inverno", depois de participações anteriores na estação TVI, em produções como "Destino Imortal", "Flor do Mar", "Equador", "Casos da Vida" e "Fascínios".
A sua estreia em televisão, feita na RTP, remonta a 1982, à telenovela “Vila Faia”, na qual contracenou com Rui de Carvalho, Glória de Matos, Mariana Rey Monteiro e Nicolau Breyner, seguindo-se, ainda na televisão pública, “A Banqueira do Povo” (1993), ao lado de Alexandra Lencastre, Eunice Muñoz, Raul Solnado, Diogo Infante e João Perry.
O percurso de Rogério Samora teve, porém, início no teatro, na antiga Casa da Comédia, e apresenta alguns dos seus mais importantes papéis nos palcos, assim como no cinema, em filmes de Fernando Lopes e de Manoel de Oliveira.
Nascido em Lisboa, em 28 de outubro de 1958, fez o curso de Teatro do Conservatório Nacional, e estreou-se no final da década de 1970, na peça “A Paixão Segundo Pier Paolo Pasolini”, de René Kalisky, levada a cena na Casa da Comédia, em Lisboa, sob a direção de Filipe La Féria. O desempenho valeu-lhe o Prémio de Ator Revelação, em 1981.
Além de Carlos Avilez, diretor e fundador do Teatro Experimental de Cascais, trabalhou também com outros encenadores como Fernanda Lapa, Luís Miguel Cintra e Solveig Nordlund.
No cinema conta com mais de meia centena de títulos de realizadores como Manoel de Oliveira, José Álvaro Morais, João Mário Grilo, João Botelho, Manuel Mozos, Miguel Gomes, António-Pedro Vasconcelos, Maria de Medeiros, Luís Filipe Rocha, Margarida Cardoso, Rosa Coutinho Cabral, José Fonseca e Costa, Joaquim Leitão, Raoul Ruiz e Jorge Cramez.
Foi ainda dirigido por Fernando Lopes em “O Delfim”, “Belarmino”, “Matar Saudades", "98 Octanas" e "Os Sorrisos do Destino".
Em 2019, participou no filme “Amadeo”, de Vicente Alves do Ó, com estreia prevista para o ano passado, adiada, entretanto, devido à pandemia.
Com o músico Rodrigo Leão, participou também em várias sessões de poesia, nomeadamente no antigo bar Frágil, em Lisboa.
Em 2020, num trabalho com a fotógrafa Margarida Dias, posou nu, no contexto do confinamento, para um calendário cujas vendas se destinavam a apoiar a Rede de Emergência Alimentar.
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