O cineasta ucraniano Oleg Sentsov, ex-preso político na Rússia que se alistou nas tropas de Kyiv após a invasão, anunciou, esta segunda-feira (17), ter sido ferido num bombardeamento de artilharia na frente de batalha.

"Na primeira saída de combate (...) durante o desembarque, recebemos tiros de artilharia. Bradley salvou-nos a vida mais uma vez. Três feridos, principalmente por estilhaços", escreveu o produtor, de 47 anos, no Facebook, referindo-se ao veículo blindado de combate de infantaria americano Bradley, dos exemplares que foram fornecidos a Kiyv.

Sentsov, que é subtenente, publicou na plataforma uma 'selfie' com o rosto ensanguentado dentro de uma ambulância.

"Já tiraram estilhaços do meu rosto. Outros menores, no braço e na perna, ficarão comigo para sempre. Os restantes combatentes feridos também estão bem. Os médicos de Zaporizhzhia fazem um bom trabalho", acrescentou.

Depois de um primeiro filme em 2011, "Gamer", filmado com apenas 20 mil dólares, o cineasta ucraniano já dirigiu vários filmes, entre eles "Rhino", apresentado no Festival de Veneza em 2021.

A sua carreira parecia promissora, mas foi interrompida por Maidan, a revolução pró-europeia de 2014 e a anexação russa da Crimeia.

Após cinco anos detido na Rússia por protestar contra a anexação da Crimeia, caso que motivou uma mobilização internacional, especialmente entre cineastas como Ken Loach, Pedro Almodóvar e Wim Wenders, decidiu pegar em armas e ir para a frente de guerra em março de 2022, uma luta que, garantia, não era "como nos filmes".

O vencedor do Prémio Sakharov pela defesa dos direitos Humanos alistou-se então como voluntário na chamada Defesa Territorial.

"Na verdade, não há combate corpo a corpo ou fogo de armas automáticas. Na maioria das vezes é artilharia e o trabalho consiste em manter a linha de frente numa trincheira e não ser morto por bombardeamentos", afirmava quando estava numa rua da capital da Ucrânia.