A Evolution Tour de David Carreira percorreu um longo caminho, mas foi neste sábado, no Campo Pequeno em Lisboa, que teve o seu final triunfal. Um espetáculo que se calculava superar os anteriores e que nós estivemos lá para ver.

As filas eram grandes, o entusiasmo era crescente, mas tudo isso nos passou ligeiramente ao lado enquanto esperávamos pelo artista para uma breve conversa. Acompanhado do seu novo meio de deslocação favorito, a hoverboard, o cantor mostrou-se bastante bem disposto, embora receoso com a sua voz (não fosse o mesmo ter uma tendência para ensaios demasiado longos). Falou-se do Natal, das prendas, das namoradas, mas o nosso foco ficou na atração da noite: o palco de 360º. Assim, com um palco deste formato, a maior preocupação de David era que ninguém fosse negligenciado na visão do concerto.

Quanto à origem deste novo conceito, as referências musicais do cantor (Justin Timberlake ou Michael Jackson, por exemplo) foram uma grande parte da inspiração para a criação deste novo palco. David admitiu mesmo que os efeitos secundários do novo palco fizeram-se sentir na balança lá de casa: 'Finalmente consigo fazer uma capa para a Men's Health. Fiz muita suplementação para tentar não desaparecer!'.

Depois do diálogo e já de barriga cheia, eis que chega o momento do concerto. Com casa cheia e já tudo a postos, não tardou para que o artista colocasse os pés em palco numa entrada onde a 'Primeira Dama' esteve, obviamente, presente. Quanto à dança, essa fez-se notar desde o primeiro segundo em palco, dando uso a toda a dimensão 360º do palco com David e todos os seus bailarinos a circundar cada centímetro do mesmo.

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Logo depois de 'Falling Into You' e de um pequeno discurso do cantor, que alegava estar num dos momentos mais especiais da sua carreira, eis que surge o primeiro convidado da noite. Boss AC esteve presente para a alegria do público ao juntar-se a David para 'ABC', bem como para um pequeno trecho de 'Princesa'. "Um aplauso para o meu mano David Carreira!", foi assim que se despediu ao abandonar o palco.

Abrandando o ritmo, eis que chegou o momento de algumas baladas com 'Baby Fica' e 'O Tempo Não Volta', destacando-se os coros perfeitamente sincronizados na primeira, e a coreografia arrojada da segunda, com todos os bailarinos num apinhado de corpos onde apenas os seus troncos se moviam num heartbeat.

Após um momento mais relaxante, eis que voltámos à loucura dos convidados especiais com Plutónio em 'Dama do Business' e Agir, também ele parte da produção deste novo álbum de David Carreira, a surgir com 'Parte-me O Pescoço' de sua autoria.

Após uma fotografia, também ela a 360º, eis que chegamos à fase mais emocional de todo o concerto. Começando por 'Haverá Sempre Uma Música', o cantor acabou por verter as primeiras de muitas lágrimas numa dedicatória: "Quero que cantem esta música para a pessoa mais importante para vocês, esteja ela aqui ou não. Eu costumo sempre dedicar esta música a alguém querido, e esta noite dedico-a à família da Carolina", declarava emocionado ao referir a família da falecida namorada.

Dai em diante, vamos admitir, a pele de galinha fez-se sentir enquanto se observava todo o cenário de luzes brancas, coros límpidos e lágrimas cristalinas a escorrer pelos rostos de muitos dos meus admiradores e amigos que assistiam ao concerto.

Como se não bastasse, o próximo convidado a surgir em palco foi o próprio pai do cantor, o célebre Tony Carreira. Interpretando 'Só Tu e Eu', num dueto que foi, no mínimo, enternecedor, o pai Carreira não teve direito a abandonar o palco no momento supostamente devido. "Tenho tanto orgulho em ti. És um exemplo em tudo. Tenho uma surpresa para ti. Sei que nunca fui muito de mostrar os sentimentos, mas eu escrevi uma música que tu já ouvis-te, os acordes dela, mas mudei a letra e ela fala de ti", declarava o mais novo para surpresa do pai que, visivelmente, controlava-se para não se emocionar.

Assim, num momento inédito (e novamente com lágrimas à mistura), julgamos que o refrão da mesma falará por si: "Esta é a carta que eu nunca escrevi. Uma canção que eu guardo para mim. Para que possas saber tudo o que eu nunca soube dizer".  E depois de mais uns abraços e lágrimas derramadas entre pai e filho, eis que a estrela da noite revela a forma como o seu pai foi desviado dos ensaios de modo a não descobrir a surpresa.

Ana Free, com 'In Love', seguida de C4 (apenas nos ecrãs) com 'Será Que Posso', foram os últimos dois convidados da noite, sem nos esquecermos de Snoop Dog, em modo videoclip, na faixa 'A Força Está em Nós'.

O fim, num desfecho agridoce, teve a mesma banda sonora do começo, fechando os espetáculo com 'A Primeira Dama' e um desfile de hoverboard ao longo de todo o palco 360º para os agradecimentos finais do artista que era aplaudido em força por todos os seus admiradores, amigos e família presentes nessa noite.

Quanto aos comentários finais, é mais do que óbvio que um palco 360º não passa despercebido, mas podemos garantir que o cantor e toda a sua equipa tiraram o melhor proveito do mesmo, percorrendo todos os seus pontos incessantemente, conforme o suor escorrido o confirmava. Os objetivos foram atingidos e o público ficou deslumbrado perante a prestação do cantor que deu tudo de si em palco. Há quem tenha melhor aptidão vocal? Certamente. Existem melhores coreografias? Eventualmente. Mas o verdadeiro artista continua a ser aquele que em palco tudo faz valer. Seja melhor aqui, pior ali, a habilidade de tudo disfarçar é aquilo que faz o espetáculo brilhar.

Fotografia: Carina Sousa

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