Este certame de música erudita, que ser realiza de forma ininterrupta na cidade poveira há 42 anos, ficou agendado de 9 a 24 de setembro e, apesar de reduzir a número de atividades, para se adaptar às contingências da pandemia de covid-19, quis manter a sua abrangência, com um programa variado de artistas nacionais e estrangeiros.

"Foi uma luta diária para manter a realização do festival, mas fruto da história, do carinho e respeito que todos os músicos têm por este festival conseguimos organizá-lo, e com uma importante parceira com a RTP, que vai permitir a transmissão de todos os concertos na internet, através de ‘streaming’, e alguns na televisão", explicou o diretor artístico do festival, Raúl da Costa.

O responsável lembrou que a garantia dessa transmissão nas plataformas digitais da televisão pública "é uma salvaguarda para a realização do evento", caso surjam novas restrições relacionadas com a pandemia, considerando que é "fundamental manter a cultura nesta fase".

"Também eu sou um artista português e sei nunca é de mais, especialmente nestes tempos, levar a cultura ao público e ajudar os artistas. Todos merecemos ser ouvidos neste momento, e os artistas não devem ser retirados dos seus meios de expressão", afirmou Raúl da Costa.

O diretor artístico prometeu um festival "com vários géneros de comunicação musical através de concertos emocionais ligados aos tempos atuais", e com regras de segurança para quem estiver na plateia.

"Vamos seguir as regras impostas pela legislação. Com uso obrigatório de máscara, limpeza dos espaços e um apelo para que quem não se sinta bem que não venha aos espetáculos. Haverá uma distância de segurança nos lugares para o público e nos concertos nas igrejas vamos usar as mesmas regras das atividades religiosas", explicou o responsável.

O programa desta 42.ª edição do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim arranca a 09 de setembro, com uma conferência do musicólogo Rui Vieira Nery, com o tema "Amália Rodrigues: O Fado no Mundo e o Mundo do Fado", no ano em que se assinala o centenário da fadista.

O concerto de abertura, a 10 de setembro, terá o agrupamento musical Divino Sospiro, juntamente com a soprano Raquel Camarinha e o contratenor Andreas Scholl, a interpretar a obra “Stabat Mater”, de Giovanni Pergolesi.

Merecem, ainda, destaque no programa a atuação do pianista Kirill Gerstein, que vai interpretar obras de Claude Debussy e Franz Liszt, e o concerto do agrupamento vocal Ex-Hilliard Ensemble, que com Christoph Poppen ao violino, vai interpretar “Morimour”, de Bach.

O festival encerra a 24 de setembro, com uma atuação do agrupamento barroco Kolner Akademie, acompanhado por Albrecht Mayer ao oboé, que apresentará obras de Vivaldi, Bach e Marcello.

O Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim, organizado pela câmara municipal local, manteve o apoio financeiro da Direção-Geral das Artes e da Secretaria de Estado do Turismo.

Segundo o vereador com o pelouro da Cultura na autarquia poveira, "era necessário que acontecesse com a mesma qualidade, mesmo com as limitações provocadas pela pandemia".

"Temos a preocupação que a Cultura continue acontecer na Póvoa de Varzim. É essencial para o público, para os artistas a manter a sua atividade profissional, e também para movimentar pessoas na cidade e ajudar a economia local", disse o vereador Luís Diamantino.

O autarca considerou que "é mais importante os eventos acontecerem, dentro das regras de segurança, do que o Estado injetar dinheiro para as coisas não funcionarem", garantindo que o município vai, também, realizar a habitual feira do livro, entre 31 de julho e 15 de agosto.

"Já me reuni com os livreiros e todos ficaram muito satisfeitos. Sabemos que esta feira do livro será um ‘oásis' no plano nacional, mas temos um plano de contingência aprovado pela DGS e vamos realizar o evento com todos os cuidados e sem animação para evitar ajuntamentos", explicou Luís Diamantino.