“Desde 2002, quando perdemos o apoio da Câmara do Porto, tentámos reerguer o antigo figurino, de um grande festival internacional, mas os dinheiros foram sempre uma dificuldade. Para o festival não perder importância, resolvemos desviar a importância para outros lugares, voltando ao início, porque foi o teatro infantil que esteve na origem do evento”, explicou à Lusa o diretor artístico, José Leitão.
Neste “novo figurino” que vai estar em palco até 5 de junho na Quinta da Caverneira, a companhia quer ainda transformar o festival num “encontro de criadores e centro de reflexão”, com a perspetiva de, “no próximo ano, Fazer a Festa também no Porto”, disse o diretor da companhia, revelando a intenção de “desbloquear” o diálogo com a autarquia portuense.
“Para o ano faremos também o festival no Porto. Este ano não houve tempo para o organizar dessa maneira. Mas somos a quarta companhia mais antiga do Porto. A nossa sede social ainda é no Porto. O nosso coração e cérebro estão na Maia, e temos com a câmara um protocolo de serviços que é fundamental, mas o Porto é a nossa casa”, esclareceu o diretor artístico da companhia organizadora do Fazer a Festa.
Por agora, a Festa começa às 16:00 de dia 29 e prolonga-se por oito dias, com “nove sessões de seis companhias”, portuguesas e galegas, a exposição “Aprender, Fazendo”, sobre o teatro para a infância e juventude na década de 80, uma homenagem a Roberto Merino e vários debates.
“Não vai ser um festival para grandes públicos, mas é o figurino mais apropriado para os dinheiros que temos e para o que queremos fazer”, destacou José Leitão.
De acordo com o diretor, “o festival andou a tentar sobreviver como festival internacional, mas em condições muito limitadas”.
Segundo o diretor, com o novo formato, a intenção é explorar “novas maneiras de fazer teatro para a infância e juventude” e tornar também o festival “num encontro de criadores e numa reflexão sobre o teatro”, também com o público – para tal, no fim de cada espetáculo está prevista uma conversa com a assistência.
José Leitão assinala a preocupação de ter sempre “espetáculos à noite para que os pais possam acompanhar as crianças ao teatro”.
“Isso é fundamental. Para além das sessões escolares, é importante que os pais acompanhem as crianças. Até porque um bom espetáculo para crianças é, habitualmente, um bom espetáculo para adultos”, afirmou.
Segundo José Leitão, o Fazer a Festa perdeu em 2002 o apoio de cerca de “20 mil euros” que recebia da Câmara do Porto, então liderada pelo social-democrata Rui Rio, mas com o atual executivo liderado pelo independente Rui Moreira “as coisas nunca correram muito bem”.
“Continuamos sem qualquer contacto e temos de desbloquear esta não conversa com a Câmara do Porto. Vamos pedir reuniões”, esclareceu.
Questionado sobre os apoios da Direção-Geral das Artes (DGArtes), José Leitão indicou que o Teatro Art’Imagem teve este ano “um aumento substancial” que vai vigorar por quatro anos, no âmbito do programa de apoio sustentado.
O financiamento atribuído à companhia pela DGArtes é de 190 mil euros para 2018 (e 211 mil por ano entre 2019 e 2021), mas o Fazer a Festa é apenas uma parte da programação do Art’Imagem, recebendo por isso uma verba de cerca de “20 a 30 mil euros”, explicou o diretor.
Comentários