O Festival Terras Sem Sombra (FTSS), que se realiza de fevereiro a julho de 2016, sob o mote “Torna-Viagem”, apresenta oito concertos em oito concelhos baixo-alentejanos, envolvendo músicos como Joana Seara, Albert Recasens e Jean-Christoph Frisch.

A programação do 12.º FTSS, hoje apresentada em Lisboa, abre no dia 27 de fevereiro, em Almodôvar, com a orquestra portuguesa Divino Sospiro, sob a direção de Massimo Mazzeo, com as sopranos Bárbara Barradas e Joana Seara, como solistas, num concerto intitulado “Como as árvores na primavera”.

O concerto inaugural tem lugar na igreja matriz e, do programa, dedicado a diferentes expressões de música do século XVIII, fazem parte peças de Antonio Vivaldi, Charles Avison e Francisco García Fajer.

A edição de 2016 do festival, hoje apresentada no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, intitula-se “Torna-Viagem – o Brasil, a África e a Europa (da Idade Média ao século XXI)”, e tem por objetivo, “musicalmente, fazer o triângulo atlântico – África, Brasil e Europa – por onde circularam e circulam tradições musicais que se influenciam”, disse à Lusa o diretor-geral do FTSS, José António Falcão.

Em abril, na igreja matriz de Ourique, Jean-Christophe Frisch vai dirigir o concerto “O mar e o sertão. Le Baroque nomade” e, em Odemira, também na matriz, o Quarteto Quaternaglia, sob a direção de Sidney Molina, apresenta, em maio, um recital com peças de compositores brasileiros do século XX e do atual, entre os quais Heitor Villa-Lobos.

Em Castro Verde, a 4 de junho, é apresentado, no adro da igreja de N.S. dos Remédios, o concerto “Polirrimias: Ligeti africano”, com texto e imagens de Polo Vallejo, e os músicos Alberto Rosado (piano), Shyla Aboubacar (balafão, camani nguni e kalimba), Justin Tchatchoua (calabaza, nkul, sheker e ngoma).

O cartaz inclui ainda a apresentação da ópera em três atos “Onheama”, de João Guilherme Ripper, baseada n'“A infância do guerreiro”, de Max Carpentier, na igreja de Santiago Maior, em Serpa, no dia 7 de maio, com a Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do Teatro Nacional de S. Carlos.

Outra obra-prima, a apresentar, desta vez de Rossini, será em Santiago do Cacém, no dia 02 de abril, sob o lema “La Scienza del cuore: Uma humilde pequena missa”, pela Academia Rossiniana de Pesaro, de Itália, e o Coro Infantil da Escola de artes El Molino, de Espanha, com direção do maestro Alberto Zedda.

O concerto “Inesperado resgate: Portugueses na Espanha do siglo del oro” [século XVII], pela La Grande Chapelle dirigida por Albert Recasens, na igreja de Santa Maria da Feira, em Beja, encerra a programação musical do festival, no dia 18 de junho.

Este concerto irá marcar a estreia moderna de peças de muitos compositores portugueses, que trabalharam na corte de Madrid, nos século XVI/XVII, nomeadamente Frei Filipe da Madre de Deus (1630-1700).

Paralelamente, o FTSS desenvolve, em todos os concelhos, ações de salvaguarda da biodiversidade. Em março, em Sines, no dia 13, realiza-se “Coastwatch: Mãos à obra pelo litoral: monitorização voluntária do litoral, com a associação GEOTA, e ação de limpeza de lixo marinho”.

Esta ação realiza-se depois da apresentação, no dia 12 de março, da “ópera sem vozes” intitulada “Sempre/Ainda”, de Alfredo Aracil, com textos e imagens de Alberto Corazón, realização multimédia Simón Escudero e o pianista Juan Carlos Garvayo.

Outras ações previstas realizam-se “em torno do Castro da Cola”, em Ourique, em que se irá abordar a “coexistência do homem com a natureza tendo o rio Mira como fio condutor e elemento determinante na fixação humana”, em Serpa, “no coração do Parque Natural do Vale do Guadiana”, sobre “o microclima de Limas e o acidente geológico do Pulo do Lobo”, ou em Odemira, em maio, “o ‘Hot Spot’ de biodiversidade vegetal em Portugal”, sobre o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina ou, em Castro Verde, acompanhar uma jornada de trabalho de um pastor do Campo Branco.

O Festival Terras Sem Sombra (FTSS) tem “dado um novo fôlego ao Alentejo”, defendeu o seu diretor-geral, José António Falcão, que referiu a conjugação de diversos fatores dinamizadores da região através da música.

“O Alentejo tem encontrado novo fôlego neste certame, que conjuga o património musical e arquitetónico com o paisagístico e o imaterial, e dinamiza a economia regional", disse o responsável à agência Lusa.

José António Falcão realçou a ligação que o FTSS faz “entre a cultura, o património histórico e a salvaguarda da biodiversidade, com uma clara dinamização na comunidade local e um interesse por vir e conhecer o Alentejo, nomeadamente da vizinha Espanha”.

“Quando o interior [do país] é muito esquecido, e é evidente a acumulação das atividades culturais, com tudo o que isso implica em Lisboa, o FTSS é um grito de revolta em favor do mundo rural e de zonas do litoral, que têm sido esquecidas”, asseverou Falcão.