Com aparelhos fotográficos nas mãos, dezenas de pessoas fazem fila para visitar a livraria localizada no centro histórico do Porto, que se tornou numa das principais atrações turísticas da cidade do norte de Portugal.

O local tornou-se passagem obrigatória para os fãs de Harry Potter. A britânica J.K. Rowling, que viveu no Porto no início dos anos 1990, inspirou-se no local para descrever o ambiente e decorações da saga.

Como outras livrarias independentes do país, a Lello esteve prestes a fechar as portas quatro há alguns anos, mas agora recebe perto de quatro mil visitantes diariamente durante a temporada alta.

Para evitar a falência, a direção da livraria teve a ideia de aumentar as atividades culturais e de cobrar uma entrada, que agora é de cinco euros.

O preço de entrada é como um "bónus que é descontado quando se compra um livro", explicou à AFP um dos assessores de imprensa da livraria. O sistema instalado há quatro anos "facilitou a regulação do fluxo de turistas" e "transformou o visitante em leitor", comemorou Aurora Pedro Pinto, presidente do conselho de administração.

Este modelo é um sucesso, porque fez a livraria recuperar e superar um milhão de visitantes em 2018, passando de nove funcionários em 2015 para 60 no arranque de 2019, e vendendo em média 1200 livros por dia, segundo números divulgados pela Lello.

A livraria, com uma fachada branca e a famosa marca "Lello & Irmao", é considerada um "templo da literatura", com um arquivo de mais de 60 mil livros, e viu os maiores escritores portugueses circularem pelas suas estantes.

As paredes, portas, janelas e colunas esculpidas em madeira, a clarabóia colorida no tecto, as prateleiras de vários metros de altura e, especialmente, a escadaria em forma de oito coberta de laca vermelha, concederam à livraria - que comemora 113 anos -, a possibilidade de ser distinguida várias vezes como uma das mais belas do mundo.