Paul Rusesabagina, que viu a sua história inspirar o filme "Hotel Ruanda" e que é um crítico do presidente Paul Kagame, receberá na próxima sexta-feira a sentença após o seu julgamento, que durou meses, por "terrorismo", um processo impregnado pela polémica.
O ex-gerente do Hotel Mil Colinas de Kigali tornou-se famoso graças ao filme de 2004 que contou como este hutu moderado salvou a vida de mais de mil pessoas durante o genocídio que deixou 800 mil mortos, principalmente da etnia tutsi, em 1994.
Rusesabagina tem 67 anos e foi julgado em Kigali de fevereiro a julho, ao lado de outras 20 pessoas, por alegado apoio à Frente de Libertação Nacional (FLN), grupo rebelde acusado de ter executado ataques violentos em Ruanda.
Recebeu nove acusações, incluindo "terrorismo". A Procuradoria solicitou uma pena de prisão perpétua.
Rusesabagina e os seus advogados denunciaram um julgamento "político", que aconteceu após um "sequestro": morava no exílio desde 1996 nos EUA e na Bélgica, mas foi detido em agosto de 2020 em circunstâncias peculiares, ao desembarcar de um avião que imaginava seguir para o Burundi, mas que pousou em Kigali.
As autoridades de Ruanda afirmam que a sua detenção foi "legal" e que os direitos de Rusesabagina não foram violados na prisão.
Há vários anos que Paul Rusesabagina acusa Kagame de autoritarismo e de favorecer um sentimento anti-hutu. Em 2017, participou na criação do Movimento pela Mudança Democrática em Ruanda (MRCD), do qual a FLN é apontada como braço armado.
O acusado nega qualquer envolvimento nos ataques executados por este grupo em 2018 e 2019, que deixaram nove mortos.
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