Um dos homens que acusam o ator Kevin Spacey de assédio sexual disse, esta segunda-feira, no tribunal que julga o caso em Londres, que a estrela de Hollyood é um "predador" agressivo que estava incomodado com a própria orientação sexual.
O julgamento contra Spacey, de 63 anos, começou na semana passada, e o ator declarou-se inocente das 12 acusações de assédio sexual contra quatro homens entre 2001 e 2013, quando era diretor do prestigiado teatro Old Vic, em Londres.
No vídeo do interrogatório, o denunciante, que não pôde ser identificado por motivos legais, contou no Southwark Crown Court que Spacey o agrediu sexualmente várias vezes – uma delas, quando levava o ator de carro para uma festa na década de 2000.
"Agarrou com tanta força (os meus genitais) que quase saí da via", explicou.
A testemunha acrescentou que os homens jovens e atraentes foram advertidos sobre o comportamento do ator, a quem descreveu como um "predador" que era "agressivo".
"Não aguento ver este homem. Sinto-me mal", afirmou o denunciante sobre o ator, vencedor de dois Óscares por "Beleza Americana" (1999) e "Os Suspeitos do Costume" (1995).
"Ele estava claramente muito confuso com a sua própria sexualidade", acrescentou.
Na última sexta-feira, a Procuradoria disse que Spacey é "um homem que não respeita os limites, nem o espaço pessoal", que "gosta que outras pessoas (...) se sintam incomodadas, um assediador sexual".
Ao ser interrogado pelo advogado de Spacey, Patrick Gibbs, a testemunha negou "100%" que tivesse tido algum sentimento romântico pelo ator, ou que os factos o tivessem levado a questionar a sua própria sexualidade.
O queixoso disse que denunciou os factos à polícia, após outras acusações contra Spacey se tornarem públicas, e que a sua única motivação é "dizer a verdade".
O ator "nega veementemente" todas as acusações.
O julgamento deverá durar quatro semanas.
Movimento #MeToo
Spacey foi uma das grandes estrelas apanhadas no movimento global #MeToo, que surgiu em 2017 a partir do caso do todo-poderoso produtor de cinema americano Harvey Weinstein.
Nesse ano, foi acusado de agressão sexual por vários jovens nos EUA e essa onda de acusações destruiu a sua carreira de sucesso. Ele sempre negou as acusações, mas isso levou-o a revelar a sua homossexualidade.
Como resultado das acusações, foi despedido da série de sucesso da Netflix "House of Cards", onde interpretou a personagem principal, o maquiavélico presidente dos EUA, Frank Underwood.
Ele também foi deixado de fora de um filme de Ridley Scott, "Todo o Dinheiro do Mundo", no qual foi substituído pelo ator canadiano Christopher Plummer.
Spacey foi inicialmente acusado no estado de Massachusetts de colocar as mãos nas partes íntimas de um jovem de 18 anos num bar em julho de 2016, mas essas acusações foram retiradas em 2019.
Em outubro passado, um tribunal de Nova Iorque absolveu-o num processo civil por alegadamente ter tocado sexualmente no ator Anthony Rapp, 36 anos antes, durante uma noite em Manhattan.
Em outubro de 2020, ele foi condenado a pagar quase 31 milhões de dólares à MRC, produtora de "House of Cards", como compensação pela perda de receita atribuída à sua saída da série. Um juiz de Los Angeles confirmou essa compensação em agosto passado.
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