Publicado pela Edições 70, do Grupo Almedina, o livro resulta da tese de mestrado de Vítor Herdeiro, realizada no Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, a qual inspirou a primeira série portuguesa a ser transmitida pela Netflix, afirma uma nota da instituição de ensino.

Vítor Herdeiro “investigou a participação de Portugal na luta anticomunista e antissoviética promovida pelos EUA”, Estados Unidos da América, a partir da rádio RARET, instalada em Glória do Ribatejo, no concelho de Salvaterra de Magos, distrito de Santarém.

Fruto de um acordo entre os Estados Unidos e o então presidente do Conselho de Ministros do Estado Novo, Oliveira Salazar, a RARET retransmitiu, entre 1951 e 1996, as emissões da rádio Free Europe durante os anos da Guerra Fria (de 1947 até à dissolução da União Soviética, em 1991), difundindo propaganda pró-ocidental para os países de Leste.

“Uma emissora norte-americana transmitir conteúdos radiofónicos – produzidos em Nova Iorque e em Munique – a partir de uma pequena aldeia do Ribatejo durante 45 anos, é uma história rica e empolgante!”, lê-se na nota de imprensa, citando o autor da tese, que realça o interesse em “investigar um tema tão pouco conhecido pelos portugueses”.

O livro narra como, no final de 1950, o embaixador dos EUA em Portugal, Lincoln MacVeagh, “procurou obter o apoio de Oliveira Salazar para combater a expansão do comunismo na Europa, através da construção – em território português – de um centro de retransmissão da Radio Free Europe (RFE)”.

A RFE era patrocinada pelo National Committee Free Europe (NCFE), fundado nos Estados Unidos em 1949, e financiada pela CIA e pelo projeto de angariação de fundos Cruzada pela Liberdade (Crusade for Freedom), criado pela agência de inteligência (serviços secretos) norte-americana.

A Sociedade Anónima de Rádio Retransmissão, RARET, foi instalada na Glória do Ribatejo a 10 de abril de 1951, “cinco meses depois do primeiro encontro entre MacVeagh e Salazar”, afirma a nota do Iscte.

Vítor Herdeiro salienta ser “natural” que Salazar tenha tentado esconder que a rádio nascera de uma aliança luso-americana, “uma vez que Portugal estava, desse modo, a aliar-se aos americanos na promoção da democracia de outros países o que, atendendo à época e ao regime ditatorial imposto pelo próprio, era, no mínimo, contraditório”.

A tese “procurou entender e expor a relação entre as autoridades portuguesas e a RFE, assim como a participação de Portugal na luta anticomunista e antissoviética promovida pelos EUA”, acrescenta.

O livro vai ser apresentado, numa sessão agendada para as 18h00 de hoje, no Iscte, por Pedro Lopes, argumentista da série “Glória”, que teve “o maior orçamento de sempre na história da produção nacional”.

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