"É nosso anseio melhorar as condições atuais, quer para os instrumentistas, quer para os colaboradores, tendo em vista os nossos beneficiários finais, que são os espectadores", disse Vanda Correia de Jesus, presidente a Associação Notas e Sinfonias Atlânticas (ANSA), entidade que gere e dinamiza a orquestra.

A responsável vincou que o subsídio de 800 mil euros anuais que a instituição recebe do Governo Regional da Madeira é uma "verba considerável", mas dá apenas para "desenvolver a temporada", pelo que se quiserem “ir além disso, [precisam] de mais algum apoio".

Vanda Correia de Jesus falava durante a apresentação da temporada 2017/2018 da Orquestra Clássica da Madeira, que decorre até julho do próximo ano e cujo concerto de abertura está agendado para sábado, no Teatro Municipal Baltazar Dias, no Funchal.

"Necessitamos de adquirir novos instrumentos - nomeadamente três contrabaixos, um piano e vários instrumentos de percussão - e sentimos que é fundamental a construção de uma nova sala de espetáculos, uma casa da música", disse, sublinhando que este deve ser um projeto financiado pelos setores público e privado.

A presidente da ANSA anunciou, por outro lado, que a instituição deu início ao estabelecimento de contactos com potenciais mecenas, sobretudo empresas com sede na região autónoma, no sentido de custearem os instrumentos necessários ao melhor desempenho da Orquestra Clássica da Madeira, que foi fundada em 1964 e é uma das mais antigas do país em atividade.

O programa da temporada inclui, entre outras atividades, 28 concertos com a presença de 17 maestros convidados e 21 solistas, bem como cinco compositores.

O concerto de abertura será dirigido pelo maestro Jean-Marc Burfin, com a atuação do solista Amihai Grosz, da Berliner Philharmoniker, com um programa de obras do compositor inglês William Walton (1902-1983) e do russo Tchaikovsky (1840-1893).

"A Orquestra Clássica da Madeira tem um papel fundamental na divulgação da música erudita e na formação de jovens músicos", disse Vanda Correia de Jesus, salientando que um dos seus objetivos é contribuir para a "alteração dos hábitos dos madeirenses e porto-santenses", através de concertos de "grande qualidade artística".

Na sequência deste projeto, foram estabelecidos contactos com as autarquias da Madeira, no sentido de promover espetáculos fora do Funchal, havendo já um programado para a Calheta e outro para Câmara de Lobos (zona oeste da ilha).

Ao longo do seu percurso, a Orquestra Clássica da Madeira realizou concertos a nível nacional e internacional, designadamente festivais em Madrid, Roma e Macau.

Em 1998, gravou um disco com o violinista Zakhar Bron e em 2005 uma série de cinco CD com solistas portugueses, numa edição com obras de Mozart, para a EMI Classics.