O concerto dirigido por Pavel Gomziakov, “artista associado” da atual temporada da Metropolitana, realiza-se no Teatro Thalia, em Lisboa, sendo o programa constituído por dois concertos para violoncelo, de Luigi Boccherini e Joseph Haydn, uma ‘toccata’ para violoncelo e cordas de Gaspar Cassadó, “Divertimento em Ré Maior”, de Haydn, e “Uma Lágrima” d’“Os Pecados da Velhice”, de Gioachino Rossini.

Pavel Gomziakov, em comunicado, afirma que este é um programa que “sempre quis fazer”, qualificando-o como “muito positivo, muito alegre”.

O músico russo vai tocar um violoncelo histórico de 1703, construído antes de Bach, ao qual se referiu como “uma peça fantástica com um som extraordinário”.

Um dos primeiros proprietários do violoncelo foi um amigo de Ludwig van Beethoven, o violoncelista e compositor Bernhard Romberg.

Em comunicado, a Metropolitana destaca a prestação a solo de Pavel Gomziakov, referindo que, “quando escutado ao vivo, o som do violoncelo tem uma capacidade de sedução inigualável”.

“Sem o brilhantismo nem a projeção do violino, [o violoncelo] consegue manter uma agilidade melódica impressionante para as suas dimensões físicas, e acrescenta-lhe essa voluptuosidade tão característica dos registos mais graves”, segundo a mesma fonte.

O primeiro contacto que Pavel Gomziakov teve com o violoncelo foi em 2010, quando realizou um conjunto de concertos nos Estados Unidos, com a Sinfónica de Chicago.

“Entretanto, o violoncelo foi vendido, e dois anos depois, encontrei-me com o novo dono do violoncelo, que me disse que tocar naquele violoncelo era muito difícil e que mo vendia. Mas eu não tinha condições para o comprar e ele acabou por ser vendido a uma senhora em Hong Kong”, afirmou.

Esta senhora comprou-o para o filho, mas este queria ser violoncelista, indagou sobre a história do instrumento e encontrou o nome do violoncelista “e o interesse que tinha manifestado antes”. Entrou em contacto com o agente do músico em França e fez a Gomziakov um empréstimo a longo prazo.

“Estou a tocar com o violoncelo de 1703, desde dezembro de 2017, muito feliz, e claro, muito agradecido. É com este violoncelo que vou tocar no sábado”, afirmou o músico.

O músico russo já gravou, em 2016, com o Violoncelo Stradivarius-Chevillard–Rei de Portugal (1725), classificado como tesouro nacional, os Concertos para Violoncelo de Haydn, com a Orquestra Gulbenkian.

Pavel Gomziakov estudou na Academia Gnessin e no Conservatório de Moscovo, com Dmitri Miller e na Escola Superior de Música Rainha Sofia, em Madrid, com Natalia Schakhovskaya. Diplomou-se pelo Conservatório Nacional de Paris, na classe de Philippe Muller.

Estreou-se nos Estados Unidos, em 2010, com a Sinfónica de Chicago, sob a direção de Trevor Pinnock; e tem atuado, regularmente, na Europa, Américas e Japão.

O violoncelista já trabalhou com maestros como Jukka-Pekka Saraste, Valery Gergiev, Jesús López Cobos ou Christopher Wareen-Green, entre outros.

Pavel Gomziakov colaborou com a pianista Maria João Pires num disco dedicado a Chopin (2009) que foi nomeado para um Grammy.