"Tropa eu vim para ficar. Quatro cantos, o início, vício. Não me deixa parar, não me para à pala do vício. Início é para relembrar, música é o meu ofício. E então eu volto a citar: Tropa eu vim para ficar", canta Piruka, que sobe ao palco do Festival do Crato esta quarta-feira, 23 de agosto. A julgar pelos milhares de seguidores e pelos milhões de reproduções nos serviços de streaming, o rapper de Lisboa veio mesmo para ficar.

"Podem esperar um concerto com muita energia, muita dinâmica, uma família pesada em cima do palco", promete o jovem músico da Madorna para o concerto no Crato. E "energia pesada" é sempre o ingrediente principal das atuações de Piruka, mas o público também tem um papel importante: "A nossa energia também depende muito da energia do público - se o público estiver sem moral, se o público não saltar, se o público não nos motivar... a nossa energia ao longo do concerto vai baixando, tem um pico e depois vai baixando. É como todos os artistas: temos concertos bons com ótima energia e temos concertos com gente que está lá mais para ver e não para 'curtir'", explica ao SAPO Mag.

Dezenas de concertos de norte a sul de Portugal, mais de 64 milhões de visualizações no Youtube, dois singles de ouro e milhares de fãs: 2017 é o ano de Piruka, que não esperava este sucesso. "Vou ser honesto: não estava à espera disto porque é um produto que está a ser criado; não tenho um produto criado. Sou um produto que me criei a mim próprio. Fiz o álbum e foi uma coisa natural, uma coisa orgânica. Nunca paguei nada para ter alguma coisa, não gasto dinheiro em visualizações - só gasto dinheiro a pagar os vídeos que faço. Isto é um crescimento orgânico", explica o rapper que não tem atrás de si um editora, como é habitual.

Um pouco todo o mundo, o rap tem estado em destaque nos tops e nos palcos dos grandes festivais. Para Piruka, "o rap está na moda". "Alguns rappers são moralistas e dizem 'o rap estar na moda é muito mau'. Se o rap não estivesse na moda, ninguém fazia dinheiro. Estavam os artistas do kizomba, do rock ou do pimba a fazer dinheiro. Nós temos de aproveitar a moda... mas não quer dizer que nós somos da moda", frisa em conversa com o SAPO Mag.

"Tudo o que escrevo é um pouco biográfico e acho que, se as pessoas ouvirem desde o início, podem ver o crescimento como pessoa, não como artista. Como falo tanto de mim, da minha vida, as pessoas conseguem-me conhecer através do que canto", explica o músico de Lisboa, acrescentando que  vai mudando o alinhamento dos concertos de acordo com o seu estado de espírito. "Há concertos em que salto canções porque não quero canta-las naquele dia ou porque já tenho músicas a mais e vou trocando. O alinhamento não é sempre o mesmo - hoje posso cantar uma coisa e amanhã cantar outra", conta, explicando que há canções que nunca ficam de fora: "Há canções que são obrigatórias... se não cantar, partem-me a cabeça", graceja.