A programação decorreu entre 07 de janeiro e 22 dezembro, na capital, com a presença de 700 artistas e conferencistas, envolvendo 92 equipamentos culturais, e a realização de mais de 300 manifestações artísticas, sob o título "Passado e Presente".
Contactado pela agência Lusa, António Pinto Ribeiro fez um balanço "muito positivo" do evento, comentando, no entanto, que teve pouco tempo para preparar o evento - seis meses - e um "orçamento bastante reduzido", cerca de três milhões de euros.
A expectativa do curador geral é que Lisboa Capital Ibero-Americana de Cultura 2017 "tenha deixado lastro nas pessoas e nas organizações, e que se manifeste a médio e a longo prazo".
Para Pinto Ribeiro, havia um risco, desde o início: "Uma programação deste género, tão desviada do 'mainstream' da programação habitual da cidade, foi uma ousadia porque pôs em causa algum etnocentrismo da programação e do jornalismo cultural".
"Percebi a dificuldade das pessoas, das instituições e de alguma comunicação social de receber este tipo de programação, que era muito desviante, mas espero que tenha sido uma aprendizagem para todos, do ponto de vista intelectual e da relação com as artes e com o mundo. Essa é a minha grande expectativa", avaliou.
É a segunda vez que Lisboa é escolhida pela União das Capitais Ibero-Americanas (UCCI), promotora do evento, como Capital Ibero-Americana da Cultura, com a Câmara Municipal de Lisboa (CML), tendo a primeira decorrido em 1994, no mesmo ano em que foi Capital Europeia da Cultura, razão pela qual, segundo Pinto Ribeiro, teve menos visibilidade do que a edição deste ano.
Sobre os públicos que afluíram aos espetáculos de teatro e cinema, exposições e conferências, o programador disse que foram muito diversificados, desde as pessoas que procuraram as manifestações artísticas mais conhecidas - com grande adesão - aos que procuraram as menos conhecidas.
António Pinto Ribeiro comentou que a organização de um evento desta dimensão exigiria cinco a dez anos para formar públicos.
"A avaliação mais imediata resulta da observação da reação das pessoas aos espetáculos, exposições e conferências, ao longo do ano. A outra avaliação, mais difícil [de fazer] já e quantificar - o que resultará no futuro deste tipo de experiência - é subjetiva, e irá manifestar-se ao longo dos próximos meses, anos", observou.
O evento "foi feito com muito pouco tempo de antecipação, seis meses, e com orçamento bastante reduzido" - apontou, considerando que foi "um teste muito grande para todos colaborarem, um exercício interessante de entendimento".
Sobre o tema deste ano, "bastante ambíguo", comentou, acrescentando que existem muitos 'clichés' sobre a América Latina, "dados pela televisão e pelos jornais", e que o grande desafio da programação foi trabalhar linhas menos conhecidas, como as questões indígenas, as migrações e a realidade da criação contemporânea do universo ibero-americano.
Questionado sobre o orçamento disponibilizado, indicou que 1,5 milhões de euros vieram da CML, e o restante de apoios dos equipamentos, de privados e de mecenato.
António Pinto Ribeiro disse que a edição de 2018 da Capital Ibero-Americana de Cultura decorrerá em La Paz, capital da Bolívia.
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