Foi de forma “Nasty” que Regula apresentou o novo álbum na discoteca lisboeta.
“I want to thank you all for supporting me, loving me and making my dreams come true. God has given me a life far beyond I dreamed about. I totally agree with what someone once said: I would hate to die and never do the thing I was born to do”. Assim agradece Regula no início do tema “Nasty”, que abre “Casca Grossa”, disco apresentado a 12 de abril no Lux. Melhor sala não podia ter sido: os beats de “Don Gula” ecoaram e deixaram a casa nova. Com a gana que lhe é reconhecida, Regula levou a palco Sam The Kid, VEECIOUs e Blaya, que participam no álbum. Tal como “Nasty”, o concerto de Regula leva nota positiva, bastante até, mas com a ressalva de que houve momentos de fraca qualidade. Sabes, memo a veres.
O palavreado de Regula continua e é transversal a toda a “Casca Grossa”. A identidade está lá e vem polvilhada de bons convidados, como é o caso de Sam The Kid que, quando entrou em palco, foi mesmo para mandar o Lux abaixo.”Langaife” é o novo tema da dupla – que vai ter videoclip em breve, o qual está a ser gravado em Roma – que já tinha trazido a público “Gana” e “Kill Bills”, no “Gancho” de 2013. E foi com o gesto de, extamente, um gancho na mão que as boas atuações como a de Sam The Kid com “Don Gula” foram celebradas.
O ‘memo’ não se pode dizer de quando, já a caminhar para o final, Blaya – MC dos Buraka Som Sistema – entrou em palco. O maior hit do álbum, lançado já há bastante meses o que deixou o single incendiar as discotecas de todo o país, foi neglicenciado. A cara dos Buraka Som Sistema subiu ao palco, mas sentia-se um ‘awakward moment’ no ar. Um abraço a Regula, VEECIOUS sobe a palco também, e está pronto o beat de “Memo A Veres”, que começa a soar com os gritos do público feminino, visivelmente entusiasmado, a preencherem a sala. Logo na primeira investida, Regula falha e não entra com o pé direito na battle com Blaya. De seguida é a própria voz feminina, que domina a parte inicial da canção, quem deixa a letra desvanescer, ainda que com a ajuda de VEECIOUS. Salva o público que conhece a letra de trás para a frente e não deixa o silêncio apoderar-se do Lux. O instrumento principal de Blaya, os glúteos, esteve presente – isso é certo -, mas já se pode duvidar da presença da sua veia MC. O karaoke do público continuou nos três minutos de canção que pareceram pouco para o single. No final, uma certeza: a música com mais potencial para um encore acabou menosprezada por uma dupla-frete. Já estão assim tão fartos de “Memo A Veres”?
Porém, não se pode resumir uma noite a um momento. O mais recente single pode, aliás, ter colmatado essa falha. “W.O.M.B.” deu baile com um “Don Gula” sempre super competente com a sua lírica… direta: “I’ve got Weed On My Balls”. No disco este é um dos momentos altos, logo à quarta canção, que é sucedida pelo tema que dá nome ao álbum. “A chapa está quente” – canta “Casca Grossa” – e está mesmo. A temperatura sobe à medida que o álbum nos introduz ao mundo “Guliano”. À quinta canção, Regula mergulha numa balada extremamente capaz com Carlão e VEECIOUS, um grande contraste com a agressividade geral do álbum. “Eles não sabem, Don Gula, Eles não sabem”, canta o ex-vocalista dos Da Weasel. Excelente refrão em “Guilhotina”! O sinal de que há um Tiago Lopes atrás e à frente de Regula.
E vem o “Choque”… depois da balada “Guilhotina” e do hit “Memo A Veres”, há um “Choque” no álbum que chocou mesmo o Lux na apresentação. Uma das canções mais agressivas tem um beat de construção eficaz e uma catch phrase: “põe a cabeça na shotgun, um choque grande” – é um passo daqui até ao alto, podemos assegurar, “Don Gula”. Aliás, o rapper português não fez o alinhamento de “Casca Grossa” ao de leve, faz parecer. Prestes a terminar o álbum, volta a um momento mais pop e cheio de ironia, com um lado mais pessoal. “Toni do Rock” é o reflexo na água de Regula, com uma voz feminina lá atrás a demarcar o terreno do R&B. Este “Toni do Rock” está na cabeça de todos e foi um dos reais momentos altos do concerto de apresentação no Lux, a par do relembrar de músicas antigas como a repetida vezes sem conta “Casanova” (“roça na grossa”, para alguns) e “Berço D’Ouro”.
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