A ideia partiu das Edições Albert René, pertencente à Hachette, editora oficial da coleção Astérix, dias após a morte de Albert Uderzo (24 de março) – ilustrador e cocriador, com Renné Goscinny, de Astérix -, como forma de prestar homenagem ao desenhador, indica o grupo editorial português.
Intitulada “Irredutíveis! com Astérix”, a revista digital tem uma periodicidade semanal e está a partir desta semana disponível em versão portuguesa, através da Leya/ASA BD (editora responsável em Portugal pela publicação das histórias de Astérix), que se associou ao grupo editorial francês.
O primeiro número, “especial viagens”, que dá a conhecer vários países visitados pelas personagens da banda desenhada, tem uma introdução dedicada ao “mestre” Albert Uderzo, cuja notícia da morte foi recebida pela editora francesa da seguinte forma: “o céu caiu-nos em cima da cabeça”, expressão 'roubada' aos livros dos gauleses sobre o seu maior receio.
Albert Uderzo morreu aos 92 anos, mas deixou como legado “um desenho de uma generosidade sem paralelo, capaz de nos transportar para os mais belos ambientes de Roma, para tempestades dantescas em pleno mar e para faustosos banquetes no final dos álbuns que nos fazem sentir o cheiro do bom javali assado, como se fizéssemos parte dos convivas”, recorda a editora francesa.
Nessas páginas introdutórias, os editores recordam o desenhador sem formação em desenho nem predisposição para trabalhar com lápis - nasceu daltónico e com seis dedos em cada mão -, mas que tantos artistas tentaram imitar, dono de “um traço simplesmente único” e autor de “um desenho em 2D, mas cheio de relevo e profundidade”.
A sua personalidade e o seu percurso profissional são recordados nesta introdução, que junta fotografias de arquivo do desenhador e alguns dos seus esboços e pranchas, terminando com uma ilustração que mostra Astérix, Obélix e Ideafix sentados com uma expressão triste.
Na história como na realidade, a palavra de ordem da aldeia de Astérix “é clara: Fique em casa para vencer o vírus e proteger os mais vulneráveis!”.
Mas isso não vai impedir que os famosos gauleses, irredutíveis à morosidade, se divirtam, combatam o vírus e procurem, pelos meios possíveis, contactar amigos de todo o mundo, também eles confinados nas suas respetivas aldeias, por causa da COVID-19, como é explicado na apresentação da história.
A revista para “toda a família”, que conta ainda com jogos e atividades ao longo das suas 28 páginas, começou por estar disponível apenas em francês, mas a Leya e a ASA aderiram a esta iniciativa, “assegurando a preparação e divulgação da versão portuguesa, também nas suas próprias redes sociais, no Clube de LeYtura e ainda na LeYaOnline através de um ebook que pode ser descarregado gratuitamente”, revela a editora.
O primeiro número da “Irredutíveis” pode ser descarregado em formato ebook, a partir do site leyaonline ou, em formato 'pdf', a partir de www.asterix.com/pt-pt.
Desde a criação de Astérix, há quase 60 anos, foram vendidas 380 milhões de cópias de álbuns de aventuras dos "irredutíveis gauleses", em 111 idiomas, incluindo a língua mirandesa.
A obra de Uderzo tem sido utilizada em filmes, desenhos animados, parques de diversões, brinquedos ou jogos de vídeo, entre outros.
Brilhante mas modesto desenhador, Uderzo criou com o seu amigo Goscinny, que morreu em 1977, um mito conhecido por todos os franceses e um pouco por todo o mundo.
Desde que se reformou, os últimos álbuns das aventuras de Astérix e do seu camarada Obélix foram compostos por outros artistas, fiéis ao estilo e ao traço do artista.
A morte, em 1977, aos 51 anos, do argumentista René Goscinny, durante um teste de 'stress' realizado para um 'check-up', afetou-o muito.
Após este acontecimento, Uderzo deixou a editora Dargaud, para montar a sua própria empresa, Les éditions Albert-René, com a qual lançou mais oito 'Asterixes' a solo, mantendo sempre na capa o nome do seu parceiro nesta aventura literária.
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