“Já tive tantas formações que para mim nada é inesperado. E as minhas canções são muito plásticas, adaptam-se a diferentes cores sonoras. E no fim de contas a canção é muito respeitada, o âmago da canção é respeito, de maneira que não há uma desconstrução das canções. Simplesmente há uma cor ou cores sonoras”, disse Sérgio Godinho hoje aos jornalistas num intervalo do primeiro dia de ensaio com a orquestra dirigida por Pedro Guedes.

Por seu lado, o diretor da Orquestra Jazz de Matosinhos salientou que Sérgio Godinho foi uma escolha “óbvia” e sublinhou que se trata de “um dos melhores compositores de canções que existe em Portugal”.

Sobre a forma que canções como “Espalhem a notícia” ou “Com um brilhozinho nos olhos” podem vir a adotar, Sérgio Godinho disse que “não há nada de revolucionário, nem tem que ser”, o que sim tem que ser é “eficaz e tem que dar prazer”.

Pedro Guedes disse ainda que para este espetáculo, pensado há um ano, foi dada uma “nova roupagem” aos temas, como se a orquestra se tratasse de um “alfaiate a tentar fazer um fato à medida para Sérgio Godinho”.

Questionado sobre se têm sentido dificuldades na adaptação das canções, o cantor respondeu de imediato que “nenhuma”, antes de exemplificar com um caso no qual foi preciso corrigir “uma coisa”, sem precisar qual, antes de dar algumas dicas: “É o nome de uma mulher e começa por ‘E’”, ou seja, “Etelvina”.

Sérgio Godinho realçou que o seu processo criativo passa por estar “sempre a fazer coisas diferentes”, como o romance que acabou recentemente e só sai em fevereiro (estando já a escrever outro) ou o novo disco no qual está a trabalhar.

“Preciso estar em atividade. Se passa muito tempo sem estar a criar, começo a ter uma forma de urticária que é bastante comum, pelo menos em mim”, disse.