Duas atuações no festival aumentam para 50 o número de concertos de Surma no estrangeiro este ano, num total de 13 países, incluindo Brasil e Estados Unidos da América.

No cartaz do Iceland Airwaves, que celebra o 20.º aniversário, constam nomes como Blood Orange, Fever Ray ou Superorganism, além dos principais artistas islandeses, como Olafur Arnalds, Sóley, Agent Fresco ou Júníus Meyvant.

"Recebi a notícia durante a tournée em Itália e gritei de felicidade lá no meio de um café. Ficou tudo a olhar para mim", disse à agência Lusa Débora Umbelino, assumindo ter "uma obsessão pela Islândia desde os 13 ou 14 anos".

"Vai ser incrível. Não faço ideia para o que é que vou, mas vai ser brutalíssimo tocar num país que sempre me disse muito. É mais um sonho tornado realidade", afirmou a artista.

Desde o início do ano, Surma já atuou na Bélgica, França, Polónia, Alemanha, Suíça e Itália e também na Holanda, no festival Eurosonic, e nos Estados Unidos da América, no South by Southwest.

"Não sei como isto tudo se está a passar, não tenho explicação. Tenho tido muita sorte com quem me rodeia. O Hugo [Ferreira, da editora Omnichord Records] está a dar tudo e o que tem acontecido é incrível. Nunca pensei chegar a este ponto", reconhece a cantautora de Leiria.

O disco de estreia, "Antwerpen", lançado em 2017, tem tido aceitação positiva e está à venda até no Japão: "Não estava nada à espera, mas tem corrido incrivelmente bem, até comercialmente".

A música experimental de Surma tem recebido reações positivas por toda a Europa, mas foi nos Estados Unidos da América que a reação mais a impressionou.

"O pessoal quer mesmo ouvir música nova e estão muito abertos a descobrir música de outros países. Senti uma adesão muito grande da parte do público americano, mas tenho encontrado público incrível em todo o lado!", declarou a artista.

Atualmente, Surma prepara o segundo disco e a banda sonora para um filme que se vai estrear em setembro. "Por causa de todos os sítios onde tenho passado, sou um bocado uma ‘miúda do mundo'. Por isso o resultado destas novas músicas vai ficar assim um bocado ‘frito' [risos]".

As viagens ao estrangeiro têm permitido a Surma perceber o crescente interesse pela música portuguesa: "Não sei o que se passou, se foi o Salvador [Sobral] ou não, mas crescemos muito a nível musical e não só: também a nível de cinema tivemos uma grande adesão em Cannes e nas artes plásticas há grandes artistas. Portugal tem crescido muito a nível cultural. As pessoas interessam-se mais pelo que passa cá dentro. Estamos a ir no bom caminho".

Para a Omnichord Records, a aposta na internacionalização resulta da "crescente capacitação e profissionalização", explica Hugo Ferreira.

"Este ano temos investido muito em novos mercados. Para além de se definirem alguns pontos estratégicos na Europa, começamos a cruzar o oceano atlântico e as reações têm sido muito entusiastas", afirmou.

Para o responsável da editora, "não basta ter boa música e dar concertos irrepreensíveis", porque o sucesso passa também por "comunicar muito bem, investir nos mercados certos e mostrar uma dedicação, competência e profissionalismo".

Na agenda para 2018 ainda há várias datas em negociação e a Omnichord espera ultrapassar a barreira dos 100 concertos em 14 países, com Surma e também Whales, First Breath After Coma, Few Fingers e Les Crazy Coconuts:

"[Essa meta] é um bálsamo para que se continue. Oxalá continue a haver capacidade para fazer e para investir".

Foto: Tiago David