"Como previsto e desejado pelo Jorge, estreamos a sua última encenação na próxima quarta-feira, 23, no São Luiz Teatro Municipal", anunciaram os Artistas Unidos, numa nota, na qual sublinham: "Somos os seus herdeiros e é com honra que manteremos viva a sua obra e o seu legado".

"Vida de Artistas", de Noël Coward, é a última encenação de Jorge Silva Melo, que estará em cena até 10 de abril, na sala Luís Miguel Cintra, no S. Luiz.

“Ah, como eu gosto de Noël Coward. Como quem ‘não quer a coisa’, com um brilho único, anda connosco há quase um século, despistando, contrariando ideias feitas, na curva da História. Frívolo? Ou realmente profundo? Fantasista ou realmente realista? Olha: teatral, aposto”, escreveu Jorge Silva Melo na apresentação de "Vida de Artistas".

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Ator, encenador, dramaturgo, realizador de cinema, escritor, guionista, tradutor, cronista, crítico e diretor da companhia de teatro Artistas Unidos, Jorge Silva Melo morreu na noite de segunda-feira, em Lisboa, de doença oncológica.

Nascido em Lisboa, a 7 de agosto de 1948, Silva Melo fundou e dirigiu, com Luís Miguel Cintra, o Teatro da Cornucópia (1973-79), e fundou em 1995 a sociedade Artistas Unidos, de que era diretor artístico.

Estudou na London Film School, foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, e estagiou em Berlim junto do encenador Peter Stein, e em Milão com Giorgio Strehler.

É autor das peças "Seis Rapazes Três Raparigas", "O Fim ou Tende Misericórdia de Nós", "Prometeu", e "O Navio dos Negros", entre outras.

No cinema, realizou longas-metragens como "Agosto", "Coitado do Jorge", "Ninguém Duas Vezes" e "António, Um Rapaz de Lisboa", entre outras, além de documentários sobre a vida de artistas plásticos, como Nikias Skapinakis, Fernando Lemos e Ângelo de Sousa.

Traduziu obras de Carlo Goldoni, Luigi Pirandello, Oscar Wilde, Bertolt Brecht, Georg Büchner, Lovecraft, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini, Heiner Müller e Harold Pinter.