Herberto Helder, que morreu nesta segunda-feira, em Cascais, aos 84 anos, nasceu na Madeira em 1930 e virou costas à ilha para partir à aventura pela Europa. Passou pela Universidade de Coimbra, mas desistiu por considerer que não valorizava a sua formação. Andou à deriva por vários países da Europa, onde teve profissões tão variadas como guia de marinheiros em bairros de prostitutas, cortador de legumes, empregado de restaurante, empacotador de aparas de papel e estivador. Viveu momentos de precariedade e chegou a passar fome. Regressou a Lisboa, passando a viver da própria escrita.

Reconhecido como um dos maiores poetas portugueses contemporâneos, Herberto Helder é mesmo apontado como uma referência na poesia portuguesa depois de Fernando Pessoa, com um universo enigmático e metafórico.

Os livros que escreveu em prosa também marcaram a diferença, sobretudo pela linguagem ousada e sem preconceitos. É em obras como "Os Passos em Volta" e "Photomaton & Vox" que podemos encontra-se um maior número de referências autobiográficas.

Tal como a sua poesia, Herberto Helder foi sempre para o público uma personalidade enigmática. Recusou o Prémio Pessoa, e com ele mais de 35 mil euros, e foi proposto pelo Pen Clube de Portugal como português candidato ao Prémio Nobel da Literatura.

"Herberto Helder - Meu Deus, faz com que eu seja sempre um poeta obscuro" é realizado por António José de Almeida e tem autoria e argumento de Anabela Almeida.