A atriz brasileira, que começou a trabalhar na Rede Globo aos oitos anos, encarou a oportunidade de fazer parte do elenco da novela da TVI como um grande desafio.

"A minha maior dificuldade, pelo menos até hoje, foi este presente de fazer a Letícia, porque abordar uma gravidez por encomenda, barriga de aluguer com casais homossexuais, e tramar uma vingança onde se alimenta o ódio, são coisas que não tenho no meu dia a dia. Posso até ter raiva, mas alimentar um ódio por 20 anos, como faz a personagem, nunca fiz. Tento evoluir antes disso", confessou ao SAPO Mag.

O elenco de "Na Corda Bamba" juntou-se em Lisboa para celebrar o fim das gravações com espírito de dever cumprido. Apesar do fim das filmagens, a segunda temporada da telenovela continua no ar. A trama, dirigida por Marcos Schechtman, também marcou a estreia de Lucélia Santos, Edwin Luisi e Cristina Lago na TVI. 

"Uma repórter portuguesa contou-me que nunca tinha visto isso (união) em nenhuma novela daqui, porque, geralmente, quem aparece são os atores, não é? Mas uma novela não se faz só de atores. E é isso que acho mais bonito, porque temos que entender que para um projeto ter sucesso, é preciso uma equipa enorme que faça acontecer. Então, esta é uma festa com muito respeito e a novela retrata isso também", explicou.

Sobre a qualidade do trabalho desenvolvido pelo autor Rui Vilhena, Úrsula rasgou elogios frisando que a sua escrita é "espetacular" e que o seu texto não se repete.  "Quando ele me convidou para fazer a novela mudei a minha agenda inteira, porque estava a fazer a série do Alceu [Valença]. E graças à generosidade dele, consegui dar um tempo e preparar a minha agenda só para vir para cá [Portugal] gravar", revelou.

Conhecida também pelo seu ativismo social, (Úrsula Corona ganhou destaque à frente de três ONG infantis no Brasil), a atriz fez questão de falar sobre o atual momento que o seu país enfrenta, principalmente no que diz respeito à classe artística.

“Hoje em dia, se não concordas, és uma ameaça. E a cultura tem essa força, não é? Tenho projetos sociais há muitos anos e isso é real. Coragem é uma coisa que não me falta. Mas acho que só podes ter coragem se tiveres uma equipa, entendeu? Falta no povo brasileiro uma consciência pelo que falar. Falta uma consciência pelo que lutar. Falta uma consciência do poder e da força que a democracia é", sublinhou.

Ainda sobre o papel de se posicionar, Úrsula também teceu algumas críticas ao universo das redes sociais. Segundo a atriz, a vida ficou resumida ao ‘partilhar’ e ‘gostar'. “Não sei se estou a falar demais, mas só gostaria que o discurso não fosse vazio, porque acho que é o nosso papel, não importa. A gente tem que saber falar. Não é lutar, é falar, é defender uma bandeira. Acho que devemos usar o nosso alcance a favor de alguma coisa que se propague e traga mudanças reais.”, finalizou.