"Almost Human" foi criada por J.H. Wyman, um autor com ligações a J.J. Abrams e showrunner de "Fringe". A produtora de J.J. Abrams, a Bad Robot, ainda está envolvida em mais duas séries de grande sucesso, "Revolution" e "Person of Interest/Sob Suspeita".
"Almost Human" tem pedigree, é uma produção com muitos recursos espelhados no seu visual futurista - houve a necessidade de recriar digitalmente alguma da interação entre robots e humanos (a ação desenrola-se em 2048). O constante debate entre o artificial e o humano estão no centro desta história, uma abordagem dos dilemas dos avanços tecnológicos a par da evolução da raça humana num futuro próximo sempre com a lógica dos laços humanos a dirigir os destinos da narrativa.

O protagonista é interpretado pelo neozelandês Karl Urban, que dá o salto do grande ecrã e contracena com Michael Ealy, um ator habituado às andanças da televisão após "Californication" e "Comon Law/Parceiros à Força". Karl Urban, um fã de "Fringe", apostou na televisão e decidiu fazer uma pausa do cinema após ler a premissa de "Almost Human". Ele interpreta o detetive John Kennex, um homem que protege a população do terrorismo tecnológico. John esteve em coma durante dois anos após uma emboscada durante uma missão onde perdeu o parceiro e toda a sua equipa, quando acorda descobre que parte da sua vida era uma fraude. John Kennex não tem paciência para baby-sitters sintéticos mas é emparelhado com um androide diferente de todos os outros. Dorian (Michael Ealy) é um modelo que tinha sido retirado das ruas por ter demasiadas emoções e as suas funções cognitivas distinguem-no de todos os outros robots da esquadra que estão isentos de emoções. Dorian tem a capacidade de sentir e reagir, e tal como um ser humano tem um ponto de rutura.

Os episódios, além dos crimes investigados e um arco narrativo que retrata a emboscada no episódio piloto, envolvem a procura da existência por parte de dois seres organicamente diferentes mas que não podiam ser mais idênticos a nível sentimental. É inesperada e positiva esta relação narrativa entre as emoções debaixo da pele, sintética e humana. A comunicação entre um robot, um testemunho sobre o melhor que há no Homem, e o colega humano que tem uma visão cínica sobre o mundo, tornam-se a sustentação dramática da série. "Almost Human" está bem arquitetada a nível de escrita, e ainda arranja espaço para o humor mais leve entre parceiros. O resultado é uma série inteligente, diferente e apetecível.