Mais do que
«007 – Ao Serviço de Sua Majestade», outrora amaldiçoado e hoje em dia quase unanimemente saudado como um dos melhores filmes da série de James Bond,
«007 – Licença para Matar» é hoje o clássico oculto da saga cinematográfica do agente secreto com ordem para matar. Após um desinspirado
«007 – Risco Imediato», o segundo título da curta vida de
Timothy Dalton como Bond tem o lado sério, violento e muito negro que, uma década e meia depois, seriam ultraelogiados em
«Casino Royale».
Neste filme, a missão de Bond não está ligada ao MI6: é absolutamente pessoal, um ato de vingança contra um cartel de droga da América Central. O motivo? Nada menos que a violação e assassínio da noiva do seu amigo Felix Leiter, que perde uma perna e uma mão ao ser atirado aos tubarões. Nunca a série se aproximara tanto dos níveis de brutalidade de Ian Fleming, de que as fitas do anterior
Roger Moore se tinham afastado em favor de um humor autoparódico que retirara peso à personagem.
Dalton levou o herói demasiado a sério para o que era expectável na altura, e o público não correspondeu na medida habitual, cerceando por mais duma década a direção mais realista que a série então tentava tomar. O sucesso da encarnação de
Daniel Craig validaria o rumo que tentou seguir este «007 – Licença para Matar», que seria também o último filme da saga produzido pelo fundador Albert «Cubby» Broccoli.
Luís Salvado
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