80 anos, três tentativas de suicídio, quatro maridos, um filho que não quis. Fez o que queria e em 1973 virou costas ao mito que a sufocava, exilando-se em Saint-Tropez, onde encontrou a serenidade, emergindo ocasionalmente para defender a causa animal ou fazer polémicas declarações políticas de apoio à Frente Nacional. A França comemora informalmente por estes dias o aniversário da mais sensual e provocadora estrela criada pelo cinema francês:
Brigitte Bardot.

Fez mais de 40 filmes, poucas obras-primas («Um Caso Perdido», de Claude Autant-Lara, «O Desprezo», de Jean-Luc Godard), mas o seu impacto está muito para lá do que ficou registado pela Sétima Arte: foi ela que abanou toda uma sociedade dominada pelo puritanismo: objeto de todos os desejos, antecipou em 12 anos a juventude, liberdade e felicidade que seriam exigidas pelo movimento do Maio de 68, que antecipou o fim da presidência conservadora do general Charles de Gaulle. E, no entanto, foi ele que, nesse ano de 1968, determinou que fossem as suas feições a serem as esculpidas para o busto de Marianne, o símbolo do país, exposto em todos os locais públicos.

Uma mitologia baseada numa beleza insolente? Uma fantasia de emancipação com rosto de Lolita e corpo de pecado? Não basta para explicar o que aconteceu quando a viram dançar mambo em cima de uma mesa rodeada por homens em 1956, em
«E Deus... Criou a Mulher», realizado pelo seu primeiro marido,
Roger Vadim. Não era o primeiro filme, mas foi com ele que nasceu a que era «a primeira mulher moderna, capaz de tratar os homens como objetos sexuais», diria Andy Warhol.

No mês em que, para além de Brigitte Bardot, celebram aniversários ícones como Jacqueline Bisset e Sophia Loren, recordamos muitas estrelas que, com mais de 65 anos, continuam a fazer parte da nossa memória coletiva.