O actor
Virgílio Teixeira, cuja carreira inclui cerca de uma centena de filmes, morreu no domingo à noite no Funchal, aos 93 anos, disse à Agência Lusa a mulher, Vanda Teixeira. Considerado um galã do cinema português nos 1940 e 1950, Virgílio Teixeira faleceu na sequência de problemas respiratórios, segundo a mesma fonte.

A ministra da Cultura,
Gabriela Canavilhas, numa nota de pesar pelo falecimento do actor Virgílio Teixeira, sublinha «o seu inequívoco talento e uma assinalável dedicação à Sétima Arte».

Numa nota de condolências em nome do Governo e também em nome pessoal, a ministra e o secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, sublinham a «longevidade» da carreira do intérprete. «Virgílio Teixeira [foi] protagonista dos principais êxitos da cinema português da década de 1940», lê-se na mesma nota que acrescenta ter sido «reconhecido pelos cinéfilos e acarinhado pelo público».

Virgílio Teixeira nasceu a 26 de Outubro de 1917 no Funchal, onde se tornou muito conhecido pelas proezas desportivas, nomeadamente ténis, natação e futebol. Fascinado pelo cinema a partir do momento em que
Jorge Brum do Canto vai filmar «Canção da Terra» à sua ilha-natal, Teixeira ruma a Lisboa para tentar a sorte nessa área.

Após uma figuração em
«O Costa do Castelo» (1942), tem o primeiro papel importante no filme
«Ave de Arribação» (1943), de Armando Miranda, tornando-se rapidamente um dos maiores galãs dos anos 40 e 50 em Portugal.

Entre os seus papéis mais recordados dessa época, destacam-se
«Fado, História de Uma Cantadeira» (1947), de
Perdigão Queiroga ao lado de
Amália Rodrigues,
«José do Telhado» (1945) e
«A Volta de José do Telhado» (1949), ambos de Armando de Miranda,
«Um Homem às Direitas» (1944) e
«Ladrão Precisa-se!...» (1946), de
Jorge Brum do Canto,
«Ribatejo» (1949), de
Henrique Campos, e
«Nazaré» (1952), de
Manuel Guimarães. Na mesma época, fez imensos filmes em Espanha, onde seria também popularíssimo.

Foi precisamente no país vizinho que tomou os primeiros contactos com Hollywood, através das super-produções que por lá então se filmavam a partir da década de 50. Foi assim que Teixeira participou em filmes como
«Alexandre, o Grande» (1956), de
Robert Rossen, ou
«El Cid» (1960), de
Anthony Mann.

A partir dessa altura, dividiu a sua carreira entre os EUA e a Europa, tornando-se o actor português mais internacional antes do aparecimento de Joaquim de Almeida. Assim, por essa altura, surgiu em produções como
«A 7ª Viagem de Sinbad» (1958), de
Nathan Juran,
«Salomão e a Raínha de Sabá» (1959), de
King Vidor,
«A Queda do Império Romano» (1963), de
Anthony Mann,
«Dr. Jivago» (1965), de
David Lean, e
«O Regresso dos Sete Magníficos» (1966), de
Burt Kennedy.

Actor extremamente prolífico, participa também muito em televisão, sem nunca largar o cinema, onde teve os últimos trabalhos em
«O Crime de Simão Bolandas» (1978), de Brum do Canto,
«Os Batoteiros» (1982), de
Barbet Schroeder, e, principalmente,
«A Mulher do Próximo» (1988), em que
José Fonseca e Costa integra no filme cenas suas com
Carmen Dolores de uma fita dos inícios da sua carreira,
«Um Homem às Direitas», de 1944.

Na televisão, o seu papel mais memorável é, porventura, o do engenheiro António Fontes, na telenovela
«Chuva na Areia» (1984).

SAPO/LUSA