Termos como “tirano”, “opressor”, “mulherengo”, “predador”, “ofensivo”, “opressão racial”, “nepotismo” e “preconceitos” foram removidos de uma exposição permanente do Museu dos Óscares sobre a origem judaica de Hollywood após protestos sobre a sua utilização antissemita.

Inaugurada no mês passado em resposta às críticas de que o Museu da Academia omitia os judeus que fundaram a indústria, "Hollywoodland: Os Fundadores Judeus e a Criação de uma Capital Cinematográfica" conta a história de como a então pequena cidade de Los Angeles se tornou o epicentro da "Sétima Arte".

Segundo a imprensa especializada,não demorou até a Academia começar a receber cartas a criticar em termos duros a exposição por destacar especificamente os defeitos de vários fundadores dos estúdios com termos antissemitas.

"É a única secção do museu que difama aqueles que pretende celebrar", notava na segunda-feira uma nova carta-aberta de “extrema deceção” e “frustração” com a exposição assinada por 300 judeus proeminentes de Hollywood, incluindo o ator David Schwimmer ("Friends").

E acrescentava: "Embora reconheçamos o valor de confrontar o passado problemático de Hollywood, o desprezível duplo padrão da exposição dos Fundadores Judeus, apenas culpando-os por esse passado problemático, é inaceitável e, intencional ou não, anti-semita”.

No mesmo dia, o Museu da Academia prometeu mudanças "imediatamente" num comunicado para "contar essas histórias importantes sem usar frases que possam reforçar involuntariamente estereótipos. Isso também ajudará a eliminar quaisquer ambiguidades”.

Segundo o The Wrap, uma descrição da Idade de Ouro de Hollywood como um período de “controlo opressivo” foi removida, enquanto uma biografia de Carl Laemmle (1867-1939), do estúdio Universal, perdeu a referência ao “nepotismo” que lhe valeu o apelido de “Tio Carl”.

No painel do estúdio Warner Bros., uma “abordagem frugal” foi substituída por “orçamentos menores” e a descrição de “mulherengo” foi removida da biografia sobre Jack Warner (1892-1978).

Para Harry Cohn (1891-1958), da Columbia, a referência à reputação do executivo como “tirano e predador” foi substituída por “conquistar uma reputação de autoritário”.

Num painel sobre “O Cantor de Jazz” (1927), o primeiro filme sonoro, foi removida uma comparação entre as ambições de assimilação cultural dos fundadores judeus e a personagem principal de origem judaica.