Afinal, "O Homem que Matou Don Quixote" (e não "Dom", como o livro) mantém a ligação a Portugal.

O projeto esteve para ser uma produção de Paulo Branco, que não avançou por problemas de financiamento, o que levou a uma zanga pública com o realizador norte-americano Terry Gilliam, que o tenta fazer há quase 20 anos.

Foi agora revelado que a rodagem está a decorrer em Portugal, com a coprodutora portuguesa Ukbar Filmes, recorrendo a mais de 500 profissionais e 1,2 milhões de euros. Ainda sem data de estreia, a distribuição nacional já está assegurada pela NOS.

A produtora Pandora da Cunha Telles explicou à agência Lusa que parte da rodagem do filme decorre no Convento de Cristo, em Tomar, com um elenco que inclui o ator norte-americano Adam Driver, o britânico Jonathan Pryce, o sueco Stellan Skarsgard, a atriz ucraniana Olga Kurylenko, a espanhola Rossy de Palma e a portuguesa Joana Ribeiro, além de centenas de figurantes locais.

Trata-se de uma coprodução entre Portugal, Espanha, França, Bélgica e Inglaterra, com um orçamento total de 16 milhões de euros, dos quais 1,2 milhões de euros são gastos em Portugal, sublinhou Pandora da Cunha Telles.

Com argumento de Terry Gilliam e Tony Grisoni, "O Homem que Matou Don Quixote" é uma transposição do conhecido romance de Miguel Cervantes para a atualidade.

"Nesta adaptação livre, com direção de arte de Benjamín Fernández, a missão mantém-se porém a mesma: lutar contra as forças da escuridão, salvar nobres donzelas e seguir os sonhos até ao fim", refere a produtora portuguesa em comunicado.

"O projeto é também um sonho de longa data um dos mais criativos e visionários mestres da indústria cinematográfica mundial", elogia a Ukbar Filmes a propósito de Terry Gilliam, de 76 anos.

Terry Gilliam foi um dos fundadores do coletivo britânico de humor Monty Python e é autor de várias longas-metragens desde a década de 1970, entre as quais "Monty Python e o Cálice Sagrado", correalizado com Terry Jones, "Os Ladrões do Tempo", "Brazil: O Outro Lado do Sonho" (em reposição agora nas salas de cinema portuguesas), "A Fantástica Aventura do Barão", "12 Macacos" e "Os Irmãos Grimm".

VEJA EM BAIXO OS FILMES ESTRANGEIROS QUE FORAM FILMADOS EM PORTUGAL.

Uma nova política de incentivos para atrair o cinema estrangeiro

"O Homem que Matou Don Quixote" será o primeiro a beneficiar do novo sistema de incentivos fiscais criado pelo Governo português para atrair produções cinematográficas estrangeiras, explicou Pandora da Cunha Telles.

Com este incentivo fiscal, o Governo prevê que produtoras estrangeiras tenham um crédito, se quiserem trabalhar em Portugal. Esse crédito fiscal traduz-se numa dedução à coleta do IRC, que é apurada sobre as despesas da produção cinematográfica, igual ou superior a um milhão de euros.

O programa abrange "obras cinematográficas de iniciativa estrangeira realizadas com produtores nacionais ou com produtor executivo nacional, obras em coprodução internacional e também obras de produção nacional", lê-se no decreto-lei.

O "teto máximo de crédito fiscal a atribuir anualmente" é de sete milhões de euros em 2017, dez milhões de euros em 2018 e de 12 milhões de euros a partir de 2019.

Por causa deste incentivo fiscal, foi criado um portal com informações sobre Portugal, precisamente para captar a rodagem de mais produções cinematográficas estrangeiras.

Na página são elencados atributos, elogios e dados estatísticos sobre o país, nomeadamente sobre tipos de paisagem, monumentos, edifícios emblemáticos e históricos, assim como informações sobre legislação, produtoras e outras entidades portuguesas.

Quem fizer pesquisas poderá encontrar um resumo sobre o clima ameno, sobre a diversidade de paisagens - dos 800 quilómetros de costa até às aldeias históricas do interior passando pelos parques naturais -, sobre castelos, palácios e arte urbana.

Estão ainda elencadas algumas das "film commission" (comissões de cinema) existentes no país, estruturas que já promovem regiões para a rodagem de produções de cinema, televisão ou publicidade.

Há ainda uma lista de vários filmes estrangeiros que tiveram Portugal como cenário ou contaram com elenco e técnicos portugueses, como "Belle Époque - A Bela Época" (1992), de Fernando Trueba, "A Rainha Margot" (1994), de Patrice Chereau, "A Nona Porta" (1999), de Roman Polanski, e "A Fidelidade" (2000), de Andrzej Zulawski.

De acordo com dados do ICA, o setor do cinema, audiovisual e multimédia em Portugal representava, em 2012, cerca de 6.800 trabalhadores, 811 empresas e um volume de 949 milhões de euros em vendas, dos quais apenas 73 milhões de euros eram para exportação.

VEJA EM BAIXO OS FILMES ESTRANGEIROS QUE FORAM FILMADOS EM PORTUGAL.

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