Ficção e temas atuais vão encontrar-se na 70ª edição do Festival de Berlim, que começa esta quinta-feira (20) com 18 filmes na disputa pelo Urso de Ouro, sem Portugal mas com uma produção brasileira, e uma nova mostra dedicada a novas formas de fazer cinema.

As atrizes Sigourney Weaver e Margaret Qualley - filha de Andie MacDowell - serão responsáveis pela abertura de um dos festivais de cinema mais importantes da Europa, ao lado de Cannes e Veneza, com "My Salinger Year", uma história sobre a criação literária e a ambição profissional que será exibida fora de competição.

O brasileiro "Todos os mortos", de Marco Dutra e Caetano Gotardo, no qual participa a atriz portuguesa Leonor Silveira, ambientado no fim do século XIX, poucos anos após o fim da escravidão, concorre ao Urso de Ouro, ao lado de filmes como "Siberia", do veterano Abel Ferrara, e "First Cow", da americana Kelly Reichardt.

Outro destaque na mostra oficial é "The roads not taken", da britânica Sally Potter, na qual Javier Bardem interpreta um deficiente auxiliado pela filha (Elle Fanning).

"Hardcore"

Outros filmes que desejam suceder a "Sinónimos", vencedor do Urso de Ouro do ano passado, são "There is no evil", do dissidente iraniano Mohamad Rasoulof, e "DAU. Natasha", um dos filmes do polémico projeto do russo Ilya Khrzhanovskiy, que recriou uma cidade soviética na qual filmou a vida de 400 pessoas, repleta de violência e pornografia.

"A maioria das cenas deste projeto são hardcore, não apenas este filme", disse o novo codiretor do festival, Carlo Chatrian, antecipando a polémica.

No conjunto, a mostra deste ano observa o mundo atual "sem ilusão, para abrir os nossos olhos", destacou.

Os prémios serão anunciados em 29 de fevereiro pelo júri presidido pelo ator britânico Jeremy Irons.

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A britânica Helen Mirren receberá o Urso Honorário, mas uma das homenagens mais emblemáticas da Berlinale, o Prémio Alfred Bauer, foi cancelado há algumas semanas, após a revelação do passado nazi do primeiro diretor do festival.

O jornal Die Zeit publicou que Bauer - diretor da mostra entre 1951 e 1976 - foi um alto funcionário do departamento cinematográfico de propaganda criado por Joseph Goebbels, ministro de Adolf Hitler, além de ter espiado grandes figuras da indústria do cinema durante o Terceiro Reich.

Os novos diretores da Berlinale, Chatrian e Mariette Rissenbeek, também anunciaram a criação da mostra "Encounters", que exibirá obras mais ousadas de cineastas "inovadores", nomeadamente, em estreia mundial, “A Metamorfose dos Pássaros”, de Catarina Vasconcelos.

Nas outras seções, e em português, a Berlinale vai exibir o documentário “Apiyemiyekî?” (que significa “porquê”), uma coprodução entre Brasil, França, Holanda e Portugal, na Fórum Expandido.

Nesta secção do festival será também exibido o filme “Crioulo Quântico”, da portuguesa Filipa César, uma coprodução entre Alemanha, França, Portugal, Espanha, cuja seleção tinha já sido anunciada pelo festival alemão, no passado mês de dezembro.

Ainda no que respeita a participações nacionais, fazem parte do programa de Talentos do festival três profissionais portugueses: a ‘sound designer’ Joana Niza Braga (que trabalhou em filmes como “Variações”, “Colour Out of Space” ou “Free Solo”, que venceu o Óscar para Melhor Documentário em 2019), o realizador e argumentista José Magro (que criou as curtas-metragens “Viagem”, “Letters from Childhood” e “Rio entre as Montanhas”) e o realizador e editor Paulo Carneiro (de “Bostofrio”).

Fora de competição, a ex-candidata democrata à presidência americana Hillary Clinton é esperada na capital da Alemanha para apresentar a minissérie autobiográfica "Hillary". A Pìxar exibirá o seu novo filme de animação "Bora Lá" e a atriz australiana Cate Blanchett a série "Stateless".

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