Miguel Gomes apresenta esta quarta-feira "Grand Tour" no Festival de Cannes, sobre um britânico que mora na Birmânia em 1918 e abandona a noiva para fazer uma grande viagem pela Ásia, que está na corrida à Palma de Ouro.

Não havia um filme de um realizador português na principal secção competitiva do festival de cinema mais importante do mundo desde "Juventude em Marcha", de Pedro Costa, em 2006.

Gomes ganhou fama com "Tabu" (2012), premiado no Festival de Berlim, mas é a primeira vez que integra a competição pela Palma, apesar da presença regular em Cannes, nomeadamente na Quinzena de Realizadores, onde apresentou “Aquele Querido Mês de Agosto” (2008), “As Mil e Uma Noites” (2015) e “Diários de Otsoga” (2021), correalizado com Maureen Fazendeiro.

Rodado em Lisboa e Roma (Itália), com várias paragens da Ásia, o filme protagonizado por Crista Alfaiate e Gonçalo Waddington acompanha "os noivos Edward e Molly, em 1918, da Birmânia à China, numa viagem emocional e física, ligando o Oriente e o Ocidente, género e sexo, tempo e espaço, realidade e ficção, mundo e cinema", lê-se na sinopse a partir do argumento assinado por Gomes, Mariana Ricardo, Telmo Churro e Maureen Fazendeiro.

Na apresentação da programação, o diretor-geral do festival, Thierry Frémaux, sublinhou "o grande virtuosismo visual" do filme, que tem coprodução da portuguesa Uma Pedra no Sapato com Itália, França, Alemanha, China e Japão.

A outra produção da mostra competitiva que será exibida esta quarta-feira é "Motel Destino", um filme sobre o desejo rodado no Ceará pelo cineasta brasileiro Karim Ainouz.

Ainouz, que também participou na mostra competitiva de Cannes em 2023 com "Firebrand", um drama histórico britânico, regressou ao Brasil para filmar um 'thriller' erótico num motel.

"É o retrato, ao mesmo tempo, íntimo e universal de uma juventude privada de futuro e de esperança por uma elite dominadora e despótica, contra a qual a violência é a única arma para afirmar o seu desejo e a sua vitalidade", afirmou o cineasta no comunicado divulgado pela produção.

Ainouz tem presença frequente no Festival de Cannes e foi premiado em 2019 na mostra Un Certain Regard pelo filme "A Vida Invisível".

A 77ª edição do Festival de Cannes está a entrar na reta final. Os prémios principais serão anunciados no sábado pelo júri presidido pela atriz e realizadora norte-americana Greta Gerwig.