Anthony e Joe Russo realizaram "Capitão América: O Soldado de Inverno" e "Capitão América: Guerra Civil" antes de se tornarem os cineastas mais importantes do Universo Cinematográfico Marvel, ficando à frente de "Vingadores: Guerra do Infinito" e "Vingadores: Endgame".
Mas tudo esteve para ser diferente pois os irmãos quase abandonaram "Capitão América: Guerra Civil" por causa de um conflito grave sobre o desfecho do filme.
A revelação está num novo livro em dois volumes, a que já teve acesso o 'site' Slash Film, que aborda de forma exaustiva os bastidores do Universo Cinematográfico da Marvel, "The Story of Marvel Studios", em que os autores Tara Bennett e Paul Terry tiveram um acesso autorizado e sem precedentes ao estúdio e aos seus artistas.
O conflito opôs os irmãos Russo e o argumentista Stephen McFeely ao Comité Criativo da Marvel, que era firmemente contra a titânica luta final entre Steve Rogers/Capitão América e Tony Stark/Homem de Ferro.
Foi essa a versão que chegou ao grande ecrã, mas este comité, formado por profissionais da editora Marvel Comics (incluindo Joe Quesada, antigo editor-chefe) queria que os Vingadores colocassem de parte as suas divergências e se unissem para lutar contra cinco super-soldados numa base de submarinos.
"'Guerra Civil' começou uma guerra civil na Marvel. Mas quando traçámos a linha na areia, tornou-se um momento em que o estúdio ou iria lentamente regressar para o lugar de onde tinha vindo ou iria lentamente começar a dirigir-se para um novo território", disse Joe Russo aos autores do livro, confirmando que ele e o irmão acabaram por dizer que "não havia nada interessante sobre esse filme" que era proposto pelo Comité e não o iriam fazer porque "não estamos interessados em contar outra história de super-heróis".
Nos filmes anteriores, Kevin Feige, presidente da Marvel Studios, serviu como um mediador entre os criativos de cinema e o comité, que muitos fãs sempre criticaram pelas posições conservadores dentro do Universo Cinematográfico. Mas com "Capitão América: Guerra Civil", ele teve de escolher um dos lados.
"Chegámos a um ponto em que dissemos, em voz alta numa sala: ‘Não estamos interessados em continuar como realizadores deste filme se for sobre gerir políticas e um terceiro ato" [o habitual desfecho com muita ação explosiva em que tudo acaba bem], recordou Joe Russo.
O irmão Anthony Russo acrescentou: "E acho que o Kevin ficou muito energizado com isso. E, também, talvez isso lhe tenha dado algum poder na situação, porque éramos muito claros sobre o nosso ponto de vista".
Kevin Feige colocou-se do lado dos realizadores e do argumentista, levando o conflito a Alan Horn, presidente do conselho de administração da Walt Disney Studios, que apoiou a Marvel Studios.
Em maio de 2015, Bob Iger, então diretor executivo da Disney, tomou a decisão de separar a Marvel Studios do resto da Marvel, colocando o estúdio e Kevin Feige sob a supervisão direta de Alan Horn e da Walt Disney Studios.
Foi o princípio do fim dos conflitos frequentes provocados pelas interferências do Comité Criativo da Marvel, que acabou por ser desativado em 2017... dois anos antes de Kevin Feige ser nomeado chefe do conteúdo criativo da Marvel.
Comentários