A transição da carreira de modelo para a de atriz é uma realidade cada vez mais natural. Mesmo assim o caso da super-modelo britânica Cara Delevingne é muito especial. Com apenas 22 anos, ela é já um dos rostos mais populares do mundo graças à sua presença no mundo da moda e prepara-se para expandir a sua popularidade ao cinema, com o seu primeiro papel principal, no filme Cidades de Papel. Um feito tanto mais surpreendente por as suas escolhas de carreira estarem longe de ser as mais seguras e por ela ter já seis outros filmes muito diferentes em fase de produção.
Depois das capas de revistas e das passerelles de moda, Delevinge apostou tudo na personagem de Margo Roth Spiegelman, em redor da qual gira toda a ação do best-seller “Cidades de Papel”, assinado por John Green, o mesmo autor de “A Culpa é das Estrelas”.
A adaptação ao cinema chega esta semana às salas de todo o mundo, e nela a jovem assume o papel de uma adolescente rebelde mas popular, que procura fugir a todos os rótulos, e em busca da qual parte um vizinho que toda a vida esteve apaixonado por ela.
Tal como a sua personagem, Cara Delevingne tem feito, até agora, uma carreira de fuga a todos os rótulos. A sua árvore genealógica está cheia de figuras distintas, de lordes a duques e barões, mas o seu fascínio pelo mais plebeu mundo da moda assim como o assumir sem preconceitos da sua bissexualidade parece ter ultrapassado todos os conservadorismos.
Seguindo os passos da irmã mais velha, Poppy Delevingne (e quem sabe o exemplo da madrinha de nascimento, Joan Collins), Cara começou cedo a carreira de modelo, com o rosto misterioso e a extrema fotogenia a valerem-lhe os mais rasgados elogios. A ascensão ao primeiro plano da profissão foi quase imediato mas o lado irreverente da jovem levou-a por outros caminhos, onde está a ter um sucesso fulgurante: por um lado o da música, por outro o do cinema.
Além de cantar, Cara toca guitarra e bateria, e gravou recentemente com a super-estrela Pharrell Williams a canção “CC The World”, que ambos cantariam também na curta-metragem “Reincarnation by Channel”, realizada pelo próprio Karl Lagerfeld. Pela mesma altura, ele fez também dueto com Will Heard com o tema “Sonnentaz (Sun Don’t Shine)”.
Mas é no cinema que a jovem britânica mais tem surpreendido. Depois do brevíssimo papel da Princesa Sorokina no filme “Anna Karenina” (2012), Cara participou já em 2014, no thriller psicológico do sempre irreverente Michael Winterbottom “The Face of na Angel”, ao lado de Kate Beckinsale e Daniel Bruhl.
O melodrama sobre o amor idealizado e o fim da adolescência que é “Cidades de Papel” será o primeiro filme em que a sua personagem é o centro toda a narrativa, a que se seguem, só em 2015, nada menos que quatro outras estreias, que, embora em papéis ainda secundários, refletem bem a intensidade com que a jovem se tem entregue à carreira de atriz e a inteligência com que escolhe cada um dos projetos.
Do quarteto, “Pan”, onde ela interpreta uma sereia, é o filme com mais valores de produção, uma prequela de “Peter Pan” assinada por Joe Wright (o mesmo de “Anna Karenina”), com Hugh Jackman e Garret Hedlund.
As outras três películas revelam que a dimensão dos orçamentos não é o que mais entra em conta nas escolhas da jovem.
Em “London Field”, de Matthew Cullen, a partir do romance de Martin Amis, a atriz contracenará com Billy Bob Thornton, Amber Heard e Johnny Depp na história de um escritor a enfrentar uma doença terminal e um bloqueio criativo. Já em “Tulip Fever”, centrado no período da bolha financeira das tulipas na Holanda do século XVII, o argumento é assinado por nada menos que Tom Stoppard a partir de um livro de Deborah Moggach, e o elenco reúne Dane DeHaan, Christoph Waltz, Alica Vokander e Judi Dench, numa realização de Justin Chadwick. Finalmente, “Kids in Love” é a primeira longa-metragem do talentoso realizador de curtas Chris Foggin, sobre um jovem (Will Poulter) que (tal como Cara) parece estar longe de querer a vida que todos tinham pensado para ele.
O futuro parece ainda mais radiante no cinema. Por esta altura, uma das estreias mais faladas de 2016 é “Suicide Squad”, um filme de super-vilões transformados em heróis, que partilham o mesmo universo de Super-Homem e Batman e em que Cara interpreta a feiticeira Enchantress, ao lado de estrelas como WIll Smith, Margot Robbie, Jai Courteney, Viola Davis e Jared Leto, como Joker, às ordens de David Ayer.
No final deste ano, Delevingne vai manter-se na arena das adaptações da BD, mas desta feita com origem na Europa e realização por Luc Besson: a super-produção de ficção científica “Valerian and the City of a Thousand Planets”, baseado na popularíssima série de BD “Valérian”, com Dane DeHann e Devingne nos papéis principais, de Valerian e Laureline.
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