O leilão decorreu esta manhã num imóvel municipal situado na rua do Bolhão, mas não houve qualquer licitação para nenhum dos edifícios que compõem o equipamento projetado há cerca de duas décadas pelo arquiteto Eduardo Souto Moura para acolher o espólio do cineasta Manoel de Oliveira.

Cerca de dez minutos depois do seu início, a hasta pública foi declarada deserta e, nestes casos, o Código Regulamentar do Município prevê o prazo de um ano para eventuais interessados apresentarem propostas de compra cujo valor não pode ser inferior a 5% do valor base de licitação definido.

Concluído há 11 anos, o imóvel situado na Foz foi projetado para ser residência e museu do cineasta mas nunca foi utilizado e, em novembro, a família de Manoel de Oliveira assinou com a Fundação de Serralves um protocolo para acolher o seu espólio na instituição.

O executivo liderado pelo independente Rui Moreira decidiu, então, vender separadamente as duas frações do «imóvel denominado de Casa Manoel de Oliveira», uma destinada «a equipamento cultural», outra definida como «habitacional».

A primeira é composta por 160 metros quadrados de área coberta, distribuídos por uma cave, rés-do-chão e primeiro piso, e 1.800 metros quadrados de «área descoberta». Foi hoje levada a leilão pelo valor base de licitação de 1,014 milhões de euros.

A segunda fração, também com entrada pelas ruas Viana de Lima e de Bartolomeu Velho, foi avaliada em 568,8 mil euros.

Composta por «cave, entrepiso, rés-do-chão e dois pisos», tem 98 metros quadrados de área coberta e 152 metros quadrados de área descoberta. Nenhuma delas teve interessados na hasta pública de hoje.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, justificou a 22 de abril a venda do equipamento com o facto de não fazer sentido «manter uma casa que nunca foi utilizada», recordando ser conhecido o projeto de construção de um edificado para Manoel de Oliveira em Serralves.

O projeto da casa na Foz foi lançado em 1998 e a obra ficou pronta em 2003, ano em que a Câmara era já liderada pelo social-democrata Rui Rio, que derrotou o socialista Fernando Gomes nas eleições autárquicas de 2001.

Nunca foi formalizado um acordo com o realizador para o uso da casa e, em novembro de 2013, a Fundação de Serralves assinou um protocolo com a família de Manoel de Oliveira para instalar o espólio do cineasta no extremo nordeste do Parque de Serralves.