Em outubro de 2021, os representantes de Michael Caine entraram em "contenção de danos" quando uma entrevista à BBC Radio 5 onde dizia que "Best Sellers" podia ser o seu último filme e parecia anunciar a sua despedida causou sensação e preocupação juntos dos seus fãs.

Passados dois anos, "The Great Escaper", que será lançado nas salas britânicas em outubro, pode mesmo ser o último trabalho do ícone do cinema britânico, que admitiu que se vê como um ator reformado.

"Agora tenho 90 [anos], não consigo andar como deve ser e tudo o resto. Estou mais ou menos reformado", diz Michael Caine para um novo perfil no jornal britânico The Telegraph.

"The Great Escaper", onde contracena com a vencedora de dois Óscares Glenda Jackson, falecida em junho, baseia-se na história verídica de Bernard "Bernie" Jordan, um veterano da Marinha britânica que, aos 89 anos, desaparece do seu lar de terceira idade com a intenção de chegar a França para participar no 70.º aniversário do Dia D.

O filme foi uma grande experiência para o veterano: "Fiquei muito feliz por fazê-lo. Simplesmente adorei a personagem de Bernie. Achei que ele foi incrível e está tão bem escrito. Com a COVID-19 e o resto, não fazia um filme há três anos e pensei que estava terminado. E, de repente, fiz isto e diverti-me imenso. Deram-me uma bengala muito boa e fui capaz de fazer cenas que precisavam disso. Apenas uma vez e depois desconjuntava-me. Mas apenas um 'take' [tomada] e pronto. Acabou.”

No perfil, Michael Caine também reflete sobre esta fase.

"A pior coisa é que muita coisa desaparece da tua vida. Não se pode correr, não se pode jogar futebol e, aos poucos, começa-se a perceber que se está a aproximar da morte. Pode estar ao virar da esquina aos 90", diz.

"Mas estou muito feliz. Estou aqui sentado a escrever, a fazer as minhas coisas. Gosto disso. Tenho dois filhos, três netos e uma esposa... Eventualmente, toda a gente se vai juntar a mim. Ninguém vai dizer: ‘Tenho muita pena que vás morrer – gostava que fosses como eu e não morresses’. Toda a gente vai morrer. Pelo menos vivi até à p**** dos 90; não morri aos 9, nem aos 19, nem aos 29. Tenho 90 anos e tive a melhor vida possível que poderia ter imaginado", concluiu.