Numa altura em que o setor aguarda uma nova lei para o cinema e audiovisual,
o diretor do ICA, José Pedro Ribeiro, e a subdiretora, Leonor Silveira, demitiram-se da direção do instituto, que tem, entre as suas competências, a gestão e atribuição de apoios financeiros. Atualmente, o ICA tem os concursos de apoio de 2012 suspenso por falta de orçamento.

Para
Luís Urbano, um dos produtores que assinou no início de maio um ultimato ao Governo para salvar o cinema português, a demissão da direção do ICA é «muito grave» e tem uma leitura política. «A direção do ICA não concorda com o texto final da lei, não sente que tem condições para trabalhar e põe o seu lugar nas mãos do SEC», afirmou.

Não sabendo ainda os motivos que levaram os dois responsáveis a demitirem-se, Luís Urbano, produtor de
Manoel de Oliveira, fala em «traição» da tutela em relação ao ICA, porque «provavelmente a direção do ICA não esteve no processo de discussões tidas entre gabinete e parceiros».

O produtor considera que o secretário de Estado da Cultura não tem condições para se manter «em cima dos destinos da cultura e neste caso específico dos destinos do cinema».

Em fevereiro passado, quando a proposta de lei para o cinema e audiovisual foi colocada em discussão pública, o secretário de Estado da Cultura disse à agência Lusa que a tutela tinha «a máxima confiança» na equipa diretiva do ICA. Porque «é com ela que a lei vai para a frente», sustentou, na altura,
Francisco José Viegas.

Hoje, fonte oficial da SEC confirmou à Lusa o pedido de demissão da direção do ICA, afirmando que se manterão em funções até serem substituídos.