A noite de 27 de fevereiro de 2011, disse Anne Hathaway ao apresentador Jimmy Fallon no início de 2014, foi o momento mais constrangedor da sua vida. E o que fez nessa data? Apresentou a cerimónia dos Óscares com James Franco.

Escolhidos para captar um público mais jovem após a recusa de Justin Timberlake, ela parecia empolgada demais e ele praticamente sonâmbulo: o resultado foi considerado na altura um dos maiores fracassos mediáticos dos últimos anos.

Entre o monólogo e outros momentos, como James Franco vestido de Marilyn Monroe, há quem lhe chame o maior fiasco de todos os tempos na apresentação da cerimónia.

RECORDE O MOMENTO.

Uma década mais tarde, os argumentistas dessa cerimónia revelaram pormenores dos bastidores que confirmam que a ideia de juntar duas pessoas com personalidades tão diferentes tinha tudo para correr mal.

Apesar de Anne Hathaway ter dito anos mais tarde que James Franco é que a convenceu a aceitar depois do "primeiro instinto" a ter levado a recusar, eles não tinham experiência neste tipo de eventos ou sequer trabalhado juntos.

"Foi como o encontro às cegas mais desconfortável do mundo entre o miúdo porreiro do rock pedrado e a adorável líder de claque de um campo de teatro", explicou o argumentista David Wild numa entrevista ao The Ringer.

A atriz "colocou-se logo disponível" para tudo, mas o colega hiperativo, além de nomeado nesse ano para Melhor Ator pelo filme "127 Horas", estava ocupado a fazer filmes e ao mesmo tempo a dar aulas e a frequentar cursos em três escolas diferentes.

"Ele parecia estar sempre num voo e era-me muito difícil conseguir chegar até ele. Isso foi um grande aviso", recordou Jordan Rubin, outro argumentista.

Quando finalmente se juntaram, tornou-se óbvio que tinham personalidades muito diferentes.

"Ela apareceu pronta para trabalhar e empenhou-se 110%. E ele era um tipo porreiro, mas muitas vezes parecia que tinha acabado de acordar. É quase como se estivessem a ir para uma partida de ténis e uma pessoa decidisse que iria jogar o U.S. Open e o outro queria estar em jeans e acertar algumas bolas", comparou Rubin.

David Wild recorda-se que Franco se parecia deliciar com as energias incompatíveis e queria fazer com que o resultado fosse semelhante a um daqueles filmes sobre dois polícias com personalidades completamente opostas. Mas durante os ensaios chegou a haver tensão quando Hathaway sugeriu ao colega que tentasse dizer uma coisa de forma diferente.

Os argumentistas destacam que os dois realmente nunca estabeleceram uma ligação ao longo do processo e o contraste ficou simbolizado até na forma como entraram em palco na cerimónia, cada um por si: ela a apreciar o momento e ele a filmar tudo com o seu telemóvel.

"Estava muito à frente da era das 'selfies', mas também o distanciou do momento em si e dela", garante Rubin.

Em poucos minutos, confirmaram-se as preocupações com esse contraste e a inexperiência, com o nervosismo a encher a sala.

"O público esfria assim que sente o desconforto dos apresentadores", garante Bruce Vilanch, um veterano que escreveu para 25 cerimónias.

Mas há um rumor que Rubin quer esclarecer sobre o comportamento "sonolento" de Franco: "Ele não estava pedrado. Acho que ele nem sequer consome álcool".

A falta de ligação foi mesmo até ao fim: ela diria que assim que a cerimónia acabou, sentiu que "todas as razões que me levaram a recusar estavam certas" e ele apanhou o voo e conseguiu chegar a tempo do seminário das 21h30 em Yale sobre manuscritos medievais.

Os argumentistas garantem que têm muito orgulho do seu envolvimento na cerimónia bizarra. Ironicamente, foi-se tornando mais fascinante com o passar dos anos, como um daqueles eventos culturais em que todos querem saber o que aconteceu. Porque à sua maneira, ficou na história.

Este ano, os Óscares serão a 25 de abril e sem anfitriões pelo terceiro ano consecutivo.

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